Lição 09: Enfermidades Psicossomáticas
TEXTO ÁUREO
“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá
mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” (Ap 21.4a)
É importante que exista uma parceria entre família e igreja
para identificação, tratamento e acompanhamento dos que sofrem diferentes doenças.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
ISAÍAS 53.4
MATEUS 10.5-8
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1. O drama da doença
2. As enfermidades psicossomáticas
3. O drama da esquizofrenia
Conclusão
INTRODUÇÃO
Esta lição tem por objetivo explanar sobre as doenças
psicossomáticas, bem como o quadro de relação que há entre a doença e o pecado.
Nesta esteira, será comentado de modo específico sobre a esquizofrenia e o
papel da Igreja para esses casos.
PONTO DE PARTIDA: Em Cristo nós somos sarados.
1. O Drama da doença
Uma das verdades mais incontestáveis da vida é esta: nós
ficamos ou ficaremos doentes em algum momento. Nós não gostamos, mas a doença
faz parte da nossa vida e existência. Alguns de nós temos saúde mais vigorosa e
adoecemos menos, outros lutam a vida toda com algum tipo de enfermidade. E isso
sempre foi assim: a doença fez parte da vida dos nossos antepassados e faz
parte do nosso cotidiano.
1.1. A
relação entre doença e pecado.
Uma confusão que ainda temos em nosso meio é associação que
alguns fazem entre doença e pecado. Há os que sustentam uma compreensão
equivocada de que, se alguém está doente, está em pecado. De um modo geral,
adoecemos porque somos pecadores. Quando o apóstolo Paulo afirma que “todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus” [Rm 3.23], indica que todos os
seres humanos são afetados pela realidade do pecado nas diversas dimensões,
como espiritual, biológica, psicológica, entre outras. O plano divino de
salvação também alcança todas as áreas da vida humana.
Subsídio do Professor: Com o pecado, nossos corpos passaram
a experimentar a corrupção, a degeneração. Por isso, passamos a esperar que
viveremos por um tempo e depois experimentaremos a morte. Romanos 6.23 diz: “O
salário do pecado é a morte”. A doença é uma evidência da morte. Ela nos
informa o quanto nosso corpo se degenera e se deteriora e caminha na direção da
morte a que todos nós estamos destinados. Assim doença é o produto que está
sobre nós.
1.2. A
promessa de um corpo transformado.
Alguém pode pensar
que a nossa conversão ou a nossa intimidade com Deus afastará a doença
completamente de nós, uma vez que Deus tem o poder de curar todo tipo de doença
(e todos os que conhecem a Deus sabem que Ele cura mesmo toda e qualquer
enfermidade). Porém, é preciso considerar que a promessa que temos sobre nós é
a de um corpo transformado, sem adoecimento, que receberemos quando estivermos
na presença do nosso Deus! A promessa é mais ampla: viveremos num lugar onde
não há dor, morte e nem luto [Ap 21.4].
Subsídio do Professor: Desfazer esta confusão nos ajuda a
entender melhor o fenômeno do adoecimento, além de nos oferecer uma visão mais
realista e misericordiosa das doenças que experimentamos ou observamos naqueles
que estão à nossa volta. Por isso, quando rompemos com os nossos preconceitos,
nos livramos de julgamentos e nos dispomos a servir de apoio às pessoas que
estão sofrendo, estamos mostrando a ação de Deus na nossa vida e nos tornando
canais de bênçãos para os que estão doentes. Intercedendo sempre com nossas
orações e súplicas a fim de que possam alcançar a cura.
1.3. O
gemido da criação.
Romanos 8.22-23 diz:
“Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto
até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo”. Leslie C. Allen: “Esse evento vai transformar o mundo natural,
cumprindo as promessas messiânicas do AT de uma terra renovada [Is 35]. Na
Queda, Deus tornou a natureza escrava da inutilidade e da decadência, mas esse
não seria o seu estado permanente, pois já então Deus vislumbrou a sua
libertação. Querendo ou não, o resto da criação foi arrastado para o fosso
junto com o homem [Gn 3.17], seu líder [Sl 8.6], e assim vai se levantar com
ele”.
Subsídio do Professor: Haverá a restauração de todas as
coisas, em contraste com a redenção. Não será o nascimento de uma “nova
espécie” (os filhos), e, sim, a elevação de tudo (através do julgamento), a um
nível superior, onde Cristo será tudo para todos (parafraseando Efésios 1.23),
de tal maneira que a existência será digna de ser vivida. Esse conceito é
amplamente comentado em Efésios 1.10, onde a unidade em redor de Cristo é
descrita. Veja também em João 14.6. Este dia de restauração plena trará
regozijo e saúde plena.
EU ENSINEI QUE:
A doença faz parte da nossa existência. Porém, a promessa
que temos sobre nós é a de um corpo transformado, sem adoecimento, que
receberemos quando estivermos na presença do nosso Deus!
2. As Enfermidades Psicossomáticas
Outro equívoco que precisamos desfazer é o de que as doenças
mentais são somente manifestações sobrenaturais ou espirituais. Embora seja
possível discutir a possessão demoníaca à luz da Bíblia, a doença mental tem
suas características peculiares e não pode ser confundida com as manifestações
espirituais. A crença de que forças sobrenaturais assumem o controle da mente e
do corpo é muito antiga.
2.1. A doença mental e o preconceito.
A doença mental, no
entanto, nos parece absurda, e talvez por isso não aceitamos com facilidade.
Admitimos que alguém sofra de diabetes ou apresente um problema cardíaco, mas
relutamos em aceitar os sintomas das doenças mentais. Se os sintomas surgem em
nós, tendemos a negá-los. Se surgem nas pessoas que estão à nossa volta,
tendemos a fazer os mais diversos julgamentos. Neste ponto, cabe uma pergunta:
se aceitamos que alguém adoeça do fígado, do coração ou do rim; por que
relutamos a aceitar que se possa adoecer da mente ou do cérebro? Esta atitude
de negação da doença mental é preconceituosa.
Subsídio do Professor: Essa atitude de negação da doença
mental que muitas vezes observamos entre nós é extremamente prejudicial para
nós mesmos (quando deixamos de reconhecer que precisamos de avaliação e
atendimento) e para os outros (quando deixamos de contribuir no sentido de
apoiar a pessoa mentalmente enferma).
2.2. As características da doença mental.
Podemos definir a
doença mental como aquela que apresenta as seguintes características: a)
sofrimentos – são definidos como doentes mentais aqueles que sofrem com altos
níveis de ansiedade, depressão, insatisfação ou sofrem com seus pensamentos ou
percepções perturbadas; b) incapacidade – se define mentalmente enfermo o
indivíduo que não consegue funcionar bem nas relações pessoais, sociais e
profissionais. Há doenças que prejudicam severamente a capacidade de se
relacionar com as pessoas; c) desvio da norma – são classificados como
desviantes da norma aqueles que apresentam comportamentos que diferenciam muito
da norma social; d) infelicidade – de um modo geral, a doença mental implementa
no paciente uma vivência de inadequação e de infelicidade.
Subsídio do Professor: Devemos lembrar que nem todas as
doenças mentais são graves, como às vezes somos levados a imaginar. A maior
parte das doenças mentais pode ser curada, e outras podem ser perfeitamente
controladas. Atualmente, Deus nos permitiu ter acesso a medicamentos que
produzem efeitos maravilhosos quando bem administrados e aceitos pelo paciente.
Temos de encarar este momento atual de desenvolvimento da ciência médica e
farmacêutica como uma bênção de Deus para nossa vida. Somos privilegiados por
termos acesso a tratamentos que nossos pais e avós não tiveram.
2.3. A Bíblia não fala de doença mental?
Algumas pessoas se
perguntam: “Por que a Bíblia não fala de doença mental? ”. Na verdade, a Bíblia
relata sobre diversas pessoas que vivenciaram dificuldades que envolviam,
também, a mente. Podemos mencionar o profeta Elias [1Rs 19] e Davi [Sl 38.4;
42.11] como exemplos. No entanto, nos tempos bíblicos, não havia o conhecimento
das doenças mentais que temos hoje. Antes do século XVII, a confusão entre
doença mental e manifestações demoníacas era muito comum. Atualmente, com a
quantidade de informações que dispomos, nada justifica nos mantermos na
ignorância quanto a este assunto.
Subsídio do Professor: Merril Tenney afirma que é pouco
provável que os hebreus tenham estado sujeito aos mesmos tipos de doenças
típicas do clima semitropical do Oriente Médio hoje, por isso algumas delas são
identificáveis nos termos da moderna patologia, outras, porém, têm suas
descrições vagas, como por exemplo “covo”, “paralisia”, “febre”, que, na
verdade, são sintomas e não a doença propriamente dita, além de tudo isso,
alguns dos termos empregados nas traduções são inteiramente errôneos, pois não
indicam as enfermidades indicadas pelo original.
EU ENSINEI QUE:
É preciso desfazer o equívoco de que as doenças mentais são
somente manifestações sobrenaturais ou espirituais.
3. O Drama da Esquizofrenia
Como dissemos, nem todas as doenças mentais são graves e
incapacitantes. A depressão, por exemplo, é uma doença mental que atinge um número
muito grande de pessoas e, em alguns casos, dependendo do nível, com adequado
tratamento, não afeta tão profundamente a qualidade de vida da pessoa. Mas
este, infelizmente, não é o caso da esquizofrenia.
3.1. A esquizofrenia é uma das mais graves doenças mentais.
Embora ela exista
desde sempre, somente no final do século XIX é que foi identificada.
Inicialmente, ela foi chamada de “demência precoce”, pois pensava-se que era um
tipo de “senilidade” (confusão mental e perda da consciência experimentada por
pessoas de muita idade) que acometia pessoas jovens.
Subsídio do Professor: Cerca de 3% da população pode
apresentar a esquizofrenia. Mas as causas da esquizofrenia ainda não são
claras. Sabe-se, porém, que de todas as doenças mentais, ela é uma das que mais
aponta para causas genéticas, biológicas e neurológicas. Razão pela qual
precisamos estar atentos.
3.2. Quando surge a esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma doença grave por causa do seu
comprometimento na vida do paciente e por ser uma doença que tende a se manter
para sempre depois da sua primeira manifestação. De um modo geral, a
esquizofrenia surge no final da adolescência e no começo da vida adulta (entre
16 a 30 anos aproximadamente). Embora seja possível o surgimento em idade mais
avançada, não é a regra. Trata-se de uma doença que desorganiza e perturba a
pessoa de modo intenso que ela se torna incapaz de continuar levando a sua vida
normalmente. Seu comportamento logo é percebido como estranho, bizarro,
incomum, e muitas pessoas até mesmo se sentem ameaçadas por desconhecerem a
doença.
Subsídio do Professor: Outra experiência comum na
esquizofrenia é o delírio. Delírio é uma crença que o indivíduo nutre, mas que
não é real, e, na maioria das vezes, nem é possível. O delírio mais comum é o de
perseguição. A pessoa tem muita convicção de que está sendo perseguida por
alguém que quer matá-la, eliminá-la, destruí-la. Mas também há delírios em que
a pessoa acredita ser outra pessoa (uma personalidade famosa da TV ou
religiosa, como Jesus Cristo).
3.3. A Igreja diante da esquizofrenia.
Das doenças mentais,
a esquizofrenia é a mais drástica e perturbadora. Por isso, não apenas o
paciente sofre com a sua doença, mas também sofrem todos os que estão à sua
volta, especialmente os familiares. Neste sentido, a igreja bem orientada e
consciente pode funcionar como um ponto de apoio e suporte tanto para os
pacientes quanto para as suas famílias. Na verdade, o desafio para a igreja no
mundo atual é expor com clareza que na família de Deus há lugar para todos [Mt
11.28-30] e que o Evangelho de Jesus Cristo alcança e trata o ser humano em sua
plenitude, não apenas no aspecto espiritual. Assim, o ambiente eclesiástico
precisa ser acolhedor e misericordioso [Mc 2.16-17; Lc 14.21].
Subsídio do Professor: Vivemos num mundo altamente
individualista e insensível. Apoiar as pessoas que sofrem com a esquizofrenia e
seus familiares é uma atitude que deveria ser de todo cristão. Na medida do
possível, a igreja deve oferecer apoio com medidas concretas, contribuindo com a
aquisição de medicamentos ou tratamentos, visitando as pessoas que sofrem
doenças mentais e promovendo a integração delas com toda a comunidade. Ofereça
constante suporte espiritual aos doentes mentais e seus familiares, por meio da
intercessão permanente e assistência nos momentos de crise e desesperança.
EU ENSINEI QUE:
A esquizofrenia é uma das mais graves doenças mentais. Por
essa razão, a igreja bem orientada e consciente pode funcionar como um ponto de
apoio e suporte tanto para os pacientes quanto para as suas famílias.
CONCLUSÃO
Hoje não é possível viver sem doenças físicas e mentais.
Chegará o dia em que não mais experimentaremos este drama. Enquanto este dia
não chega, nós devemos, como cristãos, compreender que as doenças
psicossomáticas podem surgir na vida das pessoas e das famílias, inclusive nas
nossas.
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