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sexta-feira, 1 de julho de 2016

"NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES"
No dia 16 de junho deste ano, estreou nos cinemas brasileiros o filme “Como eu era antes de você”, adaptação de um livro de Jojo Moyes.
A história trata de um relacionamento que transforma a vida de dois personagens: Louisa Clark e Will Traynor. Ela, contratada para fazer companhia e ajudar nos cuidados de Will, sofre uma total mudança de mentalidade e comportamento por influência do mesmo. Ele, tetraplégico por causa de um acidente, rabugento e infeliz, tem seus dias mais coloridos pela presença da bela moça, que o faz voltar a sorrir.
O enredo, envolvente, se torna mais emocionante com a paixão que surge entre os dois, mas que, no entanto, não é suficiente para mudar a decisão de Will em tirar a própria vida ao final do prazo de seis meses que prometera a seus pais.
O drama sugere várias questões interessantes que podem levar a reflexões muito produtivas: “vale a pena viver uma vida de sofrimento?”, “quem decide quando a vida deve terminar?”, “o amor é capaz de resolver qualquer coisa?”, “nós somos capazes de mudar outra pessoa?”, entre outras perguntas filosóficas…
Uma questão possível tem a ver com a seguinte palavra-chave: ACEITAÇÃO.
O site “conceitode” traz a seguinte definição: “com origem no termo latim acceptatĭo, o conceito de aceitação faz referência à acção e ao efeito de aceitar. Este verbo, por sua vez, significa aprovar, dar por certo/válido, consentir ou receber algo de forma voluntária e sem oposição.”
Quem assistiu ao filme pôde perceber que Louisa está sempre disposta a aceitar as adversidades com gratidão e alegria, ao contrário de Will, que não admite sua condição de confinamento a uma cadeira de rodas e, por isso, não aceita ajuda para melhorar sua qualidade de vida. Ele simplesmente não quer viver se as regras do jogo não são as dele.
E você? E eu?
Será que ACEITAMOS as coisas ruins que nos acontecem? Ou será que nos comportamos como crianças mimadas que querem que absolutamente tudo seja exatamente como desejam?
Não que o sofrimento de Will não fosse grande, mas pode-se encontrar inúmeros casos de pessoas que, mesmo tetraplégicas, descobriram novos caminhos para viver, sorrir, sonhar… Pessoas que não desistiram, que acreditaram que vale a pena viver!
Esta última postura, por sua vez, é a que se espera de um verdadeiro cristão. Ao contrário do personagem do filme, o verdadeiro cristão sabe que: o que faz sua vida ter valor é o Senhor que o sustenta. Sua felicidade não está no que ele tem ou no que faz, mas em Quem o ama, cuida e fortalece perante os desafios: o próprio Deus!
“Por que os cristãos sofrem? E por que não sofreriamEstando em Cristo, eles são os únicos que podem realmente lidar com isso.” Essa frase de C.S.Lewis não só nos mostra que nós cristãos passaremos por coisas difíceis, mas também que devemos vivê-las bem. Para isso, é necessário estar em Cristo, pois somente os que estão em Cristo possuem força suficiente para aceitar e carregar a própria cruz.
Jesus dizia “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (MT 16,24). Não há seguimento de Cristo sem sofrimento, porque cumprir a Vontade de Deus, implica fazer morrer a nossa própria.
Chesterton considerou o seguinte: “Jesus prometeu a seus discípulos três coisas: que seriam completamente destemidos, absurdamente felizes, e… com problemas constantes”. São esses problemas constantes que nos impulsionam a crescer na fé e a aprofundar nosso relacionamento com Deus e devem ser para nós motivo de alegria, com explica São Tiago nos versículos 2 e 3 de sua carta: “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência”.
Sabendo disso, comecemos pela aceitação das pequenas coisas difíceis de cada dia: o calor excessivo, o frio intenso, as pessoas com quem temos de nos relacionar, o nosso próprio gênio complicado, os problemas da nossa família, entre outras  que muitas vezes nos tem levado a reclamar, reclamar e reclamar… E, através da aceitação dos incômodos cotidianos, tenhamos o coração aberto para receber de Deus as cruzes que lhe aprouver confiar-nos conforme Sua Infinita Benevolência para que possamos realmente ter certeza do nosso discipulado cristão: Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação.Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele.” (Eclo 2, 1-6).
Ao final destas considerações, desejo que as tribulações que tivermos de enfrentar nos levem para mais perto de Deus, aumentem em nós a humildade, a paciência e (paradoxo dos paradoxos!) a alegria, de maneira que venhamos, como Santo Afonso Maria de Ligório, a “Fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz” e jamais ter medo de orar como Jesus: “Seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra como no Céu”.
Paz e graça!

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