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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Lição 8: Filhos e herdeiros

  

“Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.” (Gl 4.7).

RESUMO DA LIÇÃO

A maturidade exige de nós um comportamento diferenciado, pois por ela recebemos a herança em Cristo.

Gálatas 4.1-7.

INTRODUÇÃO  

Vimos na lição anterior que Paulo tratou a respeito da descendência de Abraão: todos os que creem em Jesus pela fé, quer sejam judeus, quer sejam gentios. Nesta lição, trataremos a respeito da maturidade. É ela que faz o herdeiro menino se tornar um herdeiro completo e apto para receber a herança. Ao se colocarem debaixo da Lei, os gálatas estavam não somente se colocando num caminho de retrocesso para com o Evangelho, mas estavam igualmente renunciando à sua maturidade e sua herança em Cristo.

I. HERDEIRO, MAS COMO SE NÃO FOSSE AINDA

1. Herdeiro, mas como escravo. Paulo começa dizendo que “todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo” (Gl 4.1). Nesse texto, podemos ver a importância da maioridade. Ainda que uma criança fosse considerada herdeira, não é diferente de um escravo enquanto não atingir a maioridade. À medida que a criança vai crescendo e se desenvolvendo, ela vai se tornando menos dependente do aio (daquele que a conduz e que exerce sobre ela uma tutela, uma guarda). A criança não é uma escrava, mas é “considerada” como se fosse, em relação a herança, até que atinja a maturidade.

 

Paulo comenta que o herdeiro, enquanto menino, por mais que seja dono de tudo, não tem acesso à herança e não possui diferença de um escravo. Falta a ele a maturidade que só o tempo poderá trazer. Um comentarista diz que aquela criança era chamada de “jovem senhor”, sendo “senhor” porque um dia, na maioridade, poderia usufruir dos bens e direitos que lhe seriam entregues, e “jovem” para não se esquecer que sua hora não havia chegado e se colocar no seu lugar. Mas a hora da sua maioridade chegaria, e ele poderia usufruir dos seus bens e títulos.

 

A função da Lei era conduzir as pessoas a Cristo, da mesma forma que o aio conduzia a criança até a escola e se responsabilizava pela sua educação (Gl 4.3).

 

2. Na plenitude dos tempos. O momento da história humana em que Deus interveio para transformar uma promessa em um fato consumado é chamado de “plenitude dos tempos”. Nesse período específico, Deus enviou a Jesus, e o apóstolo ainda reforça: “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). Essas duas colocações têm importância pois, mostram não somente a humanidade de Jesus, mas igualmente o fato de que por ter nascido sob a Lei e tê-la cumprido até a morte, seu sacrifício foi único e perfeito, colocando a salvação disponível a todos que creem, independentemente da sua cultura de origem.

 

Paulo destaca que foi Deus que enviou seu Filho do Céu para este mundo. Essa vinda fazia parte da promessa dada a Abraão, de que nele, todas as famílias seriam benditas. A bênção de Deus não estaria restrita aos descendentes de Abraão que guardavam a Lei. Essa bênção seria dada, pela fé, aos que cressem no sacrifício de Jesus.

 

3. Remir os que estavam debaixo da Lei. A vinda de Jesus foi para remir os que estavam debaixo da Lei. Remir é comprar novamente. Paulo aqui nos mostra que as ações de Deus sempre têm um propósito. Nessa remissão Jesus pagou a nossa dívida, e com seu sangue, nos comprou para Deus (Ap 5.9).

 

Certo estudioso comentou que os judeus dos tempos de Jesus, de forma geral consideravam a Lei como “um capataz cujas ordens precisavam ser obedecidas por temor à penalidade decorrente da infração”. Ela é o paidagogos, responsável por preparar e levar as crianças de uma família para a escola, onde seriam entregues ao “mestre-escola”. Uma vez entregue as crianças ao mestre-escola, a responsabilidade do paidagogos estava concluída. Nada mais há de ser feito por ele.

 

Professor(a), explique que a “expressão ‘servir de aio’ traduz a palavra grega paidagogos, da qual deriva a palavra pedagogo (isto é, professor, educador, guardião). Nos tempos do Novo Testamento, isto era uma referência ao servo pessoal que acompanhava o filho de um senhor, onde quer que o filho fosse — inclusive à escola — agindo como guardião e exercendo disciplina sobre a criança. Este papel era mais o de uma babá, do que o de um professor. O propósito da lei de Deus, durante algum tempo, foi guiar o povo nos caminhos de Deus, proteger o seu comportamento e dar disciplina. Mas o propósito supremo da lei de Deus é revelar o pecado, expor a nossa própria incapacidade de viver em conformidade com o padrão perfeito de Deus e nos mostrar a nossa necessidade de Cristo e da sua obra de salvação espiritual.

 

4.2 TUTORES E CURADORES ATÉ AO TEMPO DETERMINADO PELO PAI. A declaração que Paulo faz aqui é usada, principalmente, para mostrar a situação de um crente sob o concerto do Antigo Testamento (isto é, a maneira de manter um relacionamento com Deus com base nas leis e sacrifícios do Antigo Testamento, antes que Cristo fizesse o sacrifício perfeito pelo pecado com a sua própria vida). No entanto, o princípio desta passagem também indica que os pais piedosos normalmente supervisionavam a instrução de seus filhos (veja Dt 6.7). Esta supervisão seria feita por meio da educação na própria casa ou colocando as crianças sob os cuidados e a instrução de professores piedosos. As Escrituras ensinam claramente que os pais devem fazer tudo o que puderem para assegurar que seus filhos recebam uma educação centrada em Deus e que honre a Cristo, em todos os aspectos da vida, começando no lar”. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1630).

II. A NOSSA POSIÇÃO EM DEUS

  

1. Somos filhos e herdeiros. Antes os gálatas serviam aos ídolos, pois não conheciam a Deus. Mas agora, eles haviam sido salvos, e não foram deixados à própria sorte. Eles foram recebidos como filhos (Gl 4.6). Paulo prossegue dizendo que somos filhos e herdeiros, coisa que um escravo não é. Pelo Espírito Santo, os gentios poderiam chamar Deus de “paizinho”, não uma expressão que remonte a ideia de um diminutivo, mas sim de intimidade. Os gentios agora, em Cristo, obedecem a Deus para agradá-lo, e não porque podem ser punidos, como os ídolos faziam com aqueles que os adoravam. Mas essa nova posição para os gálatas estava sendo abalada: “como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9,10).

 

2. Guardando preceitos e regras. Eles eram filhos e herdeiros de Deus pela fé, mas observando a Lei de Moisés, estavam como que voltando à época em que serviam a ídolos. Mais que isso, eles passaram a se preocupar com a guarda das festas hebraicas e os dias santos, uma regra para que a cultura judaica fosse prolongada entre os gentios. Eles aprenderam com os judaizantes a guardar rituais que se iniciavam com datas importantes do judaísmo. O que comer, o que não comer, não deixar de celebrar tal data. Na prática, pouca diferença tinha o legalismo do paganismo, dos ídolos que antes os gálatas adoravam.

 Não há nenhum impedimento em se guardar um dia para a adoração a Deus. Os hebreus tinham seu próprio calendário, e dele se valiam para não descumprir os mandamentos. Guardamos o domingo pois foi nele que Jesus ressuscitou, vencendo a morte e nos garantindo que seremos vitoriosos com Ele nesse mesmo aspecto. Mas a guarda de datas e dias como um misticismo não é o que Deus tem para nós.

 Há algum problema em se seguir regras? De forma alguma. As regras nos ajudam a saber como nos portar em diferentes contextos e trazem organização. No trabalho ou nos estudos, regras como cumprir horários e estar fazendo as suas atividades no departamento onde se trabalha ou na sala onde a aula vai acontecer, ajudam na organização e no bom relacionamento. Mas quando o comprimento de regras se torna o referencial de espiritualidade, tal ideia não é correta, como no caso dos gálatas.

 

3. Fraqueza de Paulo quando esteve com os gálatas. Paulo relembra seus leitores que esteve com eles em fraqueza, uma forma de dizer que estava acometido de uma enfermidade. E por que ele faz isso? Diferente de pessoas que ensinam que quem serve a Deus não pode ficar doente, ou se está, é porque cometeu algum pecado ou porque não tem fé, Paulo nos permite entender que estamos sujeitos às mazelas deste “corpo de humilhação” (Fp 3.21). Ele acrescenta: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4.14). Os gálatas tinham um coração aparentemente disposto à generosidade e à misericórdia, tanto que “se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15) A receptividade dos gálatas foi relembrada para mostrar que Paulo não lhes era um oponente. Ele tinha gratidão pelos gálatas.

 

A graça de Deus, pregada pelo apóstolo, foi suficiente não só para alcançar seus ouvintes, mas igualmente poderosa para que eles recebessem a Paulo como um mensageiro de Deus, mesmo quando estava adoecido. E os judaizantes estavam se aproveitando dessa boa vontade dos gálatas para semear entre eles a desobediência.

  

III. MATURIDADE E RESPONSABILIDADE

 1. Inimigo fala a verdade? É possível que os judaizantes estivessem ensinando que Paulo era um inimigo dos gálatas por falar daquela forma com eles. Mas o apóstolo o fazia com o coração de um verdadeiro pastor, não como um aventureiro. Ele falava a verdade em amor. O questionamento do apóstolo sobre a sua forma de falar com os leitores deixa claro a diferença entre ser um bajulador e ser um mestre que se preocupa não com o que pode receber, mas com o que pode entregar.

 

2. O zelo inconveniente. Nem toda demonstração de zelo é do Espírito. É possível que haja na igreja pessoas que apresentam o que seria tido por um comportamento aceitável diante de Deus, mas sem o aval dEle. O zelo dos judaizantes não era espiritual, mas religioso, e esses dois zelos são diferentes. O zelo espiritual se preocupa com a vida espiritual das pessoas de uma congregação, ao passo que o zelo religioso se prende ao formato como a religião é manifesta. Eles queriam aumentar a sua influência entre os gálatas demonstrando um zelo religioso, e isso era contrário ao Evangelho: “Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles” (Gl 4.17). O zelo dos judaizantes era inconveniente.

 

Paulo era contrário ao zelo espiritual? De forma alguma. Ele diz: “É bom ser zeloso, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco” (Gl 4.18). Ele não estava ali com os gálatas, mas demonstrava, mesmo à distância, o zelo espiritual que marcava o seu ministério.


3. A maioridade exige responsabilidades. Crescer implica ter responsabilidades. Uma pessoa que atinge a maioridade tem obrigações das quais não pode se esquivar. É possível que uma pessoa tenha direito à herança, mas não possa possuí-la devido à idade. Os gálatas já tinham conhecido Jesus, e com o Senhor, a maturidade. Agora estavam se colocando como crianças, sendo guiados pela Lei, e considerados sem acesso à herança. A maturidade tem por preceito a diferenciação da infantilidade. Um adulto não pode agir como criança, como se precisasse passar por todo o processo de crescimento e amadurecimento. De um adulto se espera diversas características, como: inteligência, experiência, responsabilidade por seus atos, seriedade e conhecimento. Não esperamos isso de uma criança, que ainda está em desenvolvimento e não possui essas competências.

  

CONCLUSÃO

 Nesta lição, vimos que Paulo faz uma comparação entre o herdeiro criança e o herdeiro que já atingiu a maioridade e mostra a importância de se ter o zelo correto para com as coisas de Deus e as pessoas de Deus. Ele mostra o zelo espiritual que caracterizava o seu ministério, e que a maturidade tem suas responsabilidades, não sendo, portanto, compatível a uma pessoa madura agir como uma criança para com as coisas de Deus.

 

 

Joio e Trigo: Vivendo Entre o Bem e o Mal

Devocional – Mateus 13:24-30

Título: "Joio e Trigo: Vivendo Entre o Bem e o Mal"

“Jesus lhes contou outra parábola:
‘O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo.
Mas, enquanto todos dormiam, veio o inimigo e semeou o joio no meio do trigo, e se foi.
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu.
Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram:
"Senhor, não semeaste boa semente em teu campo?
Então, de onde veio o joio?"
Ele respondeu: "Um inimigo fez isso".
Os servos lhe perguntaram: "Queres que o tiremos?"
Ele respondeu: "Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo.
Deixem que cresçam juntos até a colheita.
Então, direi aos encarregados da colheita:
Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado;
depois, recolham o trigo e guardem-no no meu celeiro".’”

Mateus 13:24-30


Introdução:

Nesta parábola, Jesus descreve a realidade do Reino no presente: o bem e o mal coexistem até o dia da colheita. A ansiedade dos servos em arrancar o joio contrasta com a paciência do dono, que sabe que o momento certo pertence a Deus. Aqui aprendemos sobre discernimento, confiança e a certeza de que o juízo final será justo.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. O inimigo trabalha no oculto

O joio foi plantado enquanto “todos dormiam”. O mal muitas vezes surge de forma silenciosa e sutil.
👉 Reflexão: Você tem vigiado espiritualmente para identificar o que o inimigo tenta semear?

2. Nem sempre é nosso papel arrancar o joio agora

Tentar resolver precipitadamente pode ferir o trigo. A paciência de Deus é oportunidade de arrependimento.
👉 Reflexão: Você confia no tempo de Deus ou tenta assumir o controle antes da hora?

3. A colheita revelará a verdade

No fim, o joio e o trigo serão separados. O juízo de Deus é perfeito.
👉 Reflexão: Você vive preparado para ser reconhecido como trigo na colheita final?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Vigie e ore diariamente.
    Não permita que distrações espirituais abram brechas para o inimigo.

  2. Confie na justiça de Deus.
    Resista à tentação de “arrancar o joio” de forma precipitada e confie no julgamento perfeito do Senhor.

  3. Continue frutificando, mesmo em meio ao joio.
    Sua vida deve ser um testemunho claro de quem pertence a Cristo.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tu és o Senhor da colheita
e conheces o coração de cada um.

Perdoa-me pelas vezes em que tentei agir no meu tempo,
em vez de confiar no Teu.

Ajuda-me a permanecer fiel e frutífero,
mesmo quando o mal está ao meu redor.
Que eu confie no Teu juízo justo
e viva pronto para o dia da colheita.

Em Teu nome,
Amém.



quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Lição 8: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas

Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. (At 6.3).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE  

Atos 6.1-7.

COMENTÁRIO

 INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos a diaconia bíblica, um ministério essencial de serviço na igreja, que nos ensina sobre o serviço ao próximo. A Bíblia nos mostra que a Igreja, mesmo em seus primórdios, enfrentava desafios, mas a busca por soluções em Deus era fundamental. A criação do ministério dos diáconos não foi para estabelecer uma hierarquia, mas para organizar o serviço social na Igreja, mostrando que todos os líderes são chamados a servir. O que realmente importa no Reino de Deus é a disposição em servir, independentemente do cargo ou tarefa, pois o serviço é a essência do trabalho na igreja.

I. A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

1. Conflito de natureza cultural.

Lucas cita um conflito entre os “gregos” e “hebreus” (At 6.1a). A referência neste texto aos “gregos” está relacionada aos judeus helenistas, isto é, que haviam emigrado para outros países e que, por conta disso, falavam somente a língua grega. Por outro lado, o termo “hebreus” era uma referência aos judeus de Jerusalém que se comunicavam principalmente em hebraico (aramaico). Havia, portanto, uma barreira de natureza cultural por conta da língua. Essa barreira cultural trouxe um conflito de relacionamento entre os crentes da primeira igreja. Isso fez com que os apóstolos, logo após tomarem conhecimento do problema, buscassem uma solução. Eles não podiam deixar a igreja de Jerusalém se desintegrar por conta de barreira de natureza cultural. A unidade da igreja não pode ser ameaçada por conflito de qualquer natureza.

 

2. Conflito de natureza social

Lucas explica que em razão daquela diferença cultural, “as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1b). Aqui fica evidente a natureza social do problema — as viúvas de fala grega estavam sendo negligenciadas na distribuição diária. O conflito se instalou e precisava de solução. Fica em evidência que a igreja não é só um organismo, ela também é uma organização. Ela tem sua esfera espiritual, mas também social. Era, portanto, essa parte social que estava em desequilíbrio e precisava de cuidados.

 

3. Qual é a prioridade?

 É muito comum a ideia de que o cristão deve cuidar apenas da esfera espiritual e negligenciar a social. Cria-se dessa forma um entendimento nada bíblico de que a primeira deve ser privilegiada e a segunda, negligenciada. Assim, por exemplo, um evento musical recebe grande atenção porquanto mexe com as emoções, enquanto um trabalho social numa igreja local carente conta com poucas adesões. Negligenciar os mais necessitados é um dos pecados denunciados tanto no Antigo Testamento (Is 58.6) quanto no Novo Testamento (Mt 25.35-38). Não podemos ignorar a situação social dos menos favorecidos e pensar que, dessa forma, estamos adorando a Deus em espírito e em verdade.

 

II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

1. O ministério da oração e da Palavra. Diante do conflito, os apóstolos perceberam que a parte da comunidade que estava sendo negligenciada precisava de cuidados. Contudo, eles também perceberam que não poderiam resolver um problema criando outro. Cuidar dos mais necessitados era uma missão urgente da igreja, mas os ministérios da oração e pregação da Palavra de Deus também o eram (At 6.4). Tanto a parte social como a devocional e evangelística fazem parte de uma única missão da Igreja. Poderíamos dizer que são os dois lados de uma mesma moeda. Cuidar dos necessitados é importante, igualmente importante é a oração e a evangelização.

 

2. Não há conflito entre tarefas. Não podemos ler Atos 6 como se o ministério da oração e da pregação estivessem em oposição com o ministério de serviço social. Não há essa contradição, onde um é considerado mais espiritual e o outro menos. Tudo faz parte de uma única missão da Igreja. Assim, se a igreja ora e prega, mas não cuida dos necessitados, ela falha em sua missão. Da mesma forma, se a igreja se torna apenas um centro social, negligenciando a oração e a pregação, ela perde a sua essência, deixa de ser Igreja de Cristo e, por isso, também falha em sua missão.

 

3. A Diaconia. O parecer dos apóstolos foi que eles constituíssem pessoas habilitadas sobre o que eles denominaram de “este importante negócio” (At 6.3). É, portanto, uma referência ao “serviço” ou “diaconia”, identificado no versículo 3 como “servir” as mesas (At 6.3). A palavra “diaconia” tem a ver mais com a função do que com a forma. Assim, em Atos 6 o que está mais em destaque é a função exercida pelos sete diáconos do que o cargo ou ofício ocupado por eles.

 

O contexto favorece esse entendimento. Contudo, essa narrativa bíblica fundamenta a instituição do diaconato cristão. Outrossim, devemos enfatizar aqui que a diaconia era vista pelos apóstolos como um “importante” negócio, ou seja, algo necessário à igreja. Esse entendimento apostólico contradiz o que muitos pensam atualmente a respeito do serviço da diaconia. Infelizmente, há os que enxergam um diácono como um obreiro de classe inferior. Mas no contexto bíblico, a diaconia é um serviço especial onde somente pessoas especiais, isto é, com as qualificações bíblicas exigidas, podem trabalhar.

 

III. SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS

 1. Privilegiando o caráter. Nas exigências das qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ganha ênfase: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). Aqueles que iriam “cuidar das mesas” deveriam ser pessoas de “boa reputação”. A palavra “boa reputação” traduz o termo grego martyreo, que significa “testemunha” ou “mártir”, quer dizer uma pessoa autêntica, honesta, correta e que não negocia valores para exercer a função da diaconia. Às vezes pensamos que essas exigências eram apenas para os dias bíblicos, o que evidentemente é um equívoco. Se para aqueles que se dedicariam apenas em “servir as mesas”, isto é, os diáconos, era exigido “boa reputação”, então o que dizer dos pastores que cuidam de todo o rebanho?

 

2. Exercitando os dons. Essas pessoas, encarregadas da diaconia da igreja, além da exigência de boa reputação, deviam ser cheias do “Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). Defender a boa ortodoxia, isto é, a doutrina correta, era importante, mas incompleto. Era necessário que essas pessoas também fossem cheias do Espírito Santo e de sabedoria. É possível uma pessoa ser ortodoxa, eticamente irrepreensível, contudo, não ser quebrantada e nem possuir fervor espiritual. Da mesma forma, é possível uma pessoa exercitar os dons espirituais, contudo, não ter sabedoria nenhuma. Uma coisa não pode funcionar sem a outra. O ideal de Deus é que o cristão viva corretamente exercitando os dons espirituais com a sabedoria no exercício da diaconia.

 

 

CONCLUSÃO

 

 

 

Aprendemos nesta lição a importância do serviço cristão. A igreja “espiritual” é também social. Devemos nos dedicar tanto ao ministério da oração e pregação como também à assistência ao mais necessitados. A igreja que cuida da alma também deve cuidar do corpo. Deus não é glorificado na desgraça de ninguém. Se há um necessitado em nosso meio, e há, devemos considerar os princípios bíblicos ensinados nessa passagem das Escrituras para alcançá-lo. Assim, a igreja cresce como Igreja de Deus e o Senhor é glorificado.

 

 

 

 


Entendendo e Frutificando

Devocional – Mateus 13:18-23

Título: "Entendendo e Frutificando"

“Portanto, ouçam o que significa a parábola do semeador:
Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a entende,
o Maligno vem e arranca o que foi semeado em seu coração.
Este é o que foi semeado à beira do caminho.
O que foi semeado em terreno pedregoso é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria.
Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por pouco tempo.
Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona.
O que foi semeado entre espinhos é aquele que ouve a palavra,
mas a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam,
tornando-a infrutífera.
Mas o que foi semeado em boa terra é aquele que ouve a palavra e a entende.
Este frutifica e produz a cem, sessenta e trinta por um.”

Mateus 13:18-23


Introdução:

Jesus agora explica a parábola do semeador, deixando claro que o problema nunca está na semente, mas no tipo de solo — isto é, no coração que recebe a Palavra. A frutificação é resultado de ouvir, compreender e perseverar na mensagem do Reino.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. A falta de compreensão abre espaço para o inimigo

O solo à beira do caminho representa um coração exposto, onde a Palavra não cria raízes.
👉 Reflexão: Você busca entender a Palavra ou apenas ouve de forma superficial?

2. A fé sem profundidade não resiste às provações

O terreno pedregoso mostra que entusiasmo inicial não substitui raízes profundas.
👉 Reflexão: Sua fé está preparada para resistir quando vier a perseguição ou dificuldade?

3. As distrações sufocam o crescimento espiritual

Os espinhos — preocupações e riquezas — podem impedir a frutificação, mesmo quando a Palavra já começou a agir.
👉 Reflexão: O que tem ocupado o espaço que deveria ser da Palavra em sua vida?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Estude e medite na Bíblia para compreender profundamente.
    Entender fortalece contra o roubo espiritual.

  2. Cultive raízes na fé antes que venha a dificuldade.
    Ore, sirva e viva em comunhão para estar firme quando for provado.

  3. Remova as distrações que sufocam a Palavra.
    Seja intencional ao escolher o que ocupa seu tempo, sua mente e seu coração.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tua Palavra é perfeita e poderosa.
Perdoa-me pelas vezes em que a deixei ser sufocada
ou não permiti que criasse raízes.

Dá-me um coração de boa terra,
pronto para ouvir, compreender e viver Tua verdade.
Que minha vida produza fruto abundante para o Teu Reino,
a cem, sessenta e trinta por um.

Em Teu nome,
Amém.



quarta-feira, 20 de agosto de 2025

LIÇAO 8 -

Ouvidos para Ouvi

Devocional – Mateus 13:10-17

Título: "Ouvidos para Ouvir"

“Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram:
‘Por que falas ao povo por parábolas?’
Ele respondeu:
‘A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus,
mas a eles não.
A quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade.
De quem não tem, até o que tem lhe será tirado.
Por essa razão eu lhes falo por parábolas:
‘Porque vendo, eles não veem;
e ouvindo, não ouvem nem entendem.’
Neles se cumpre a profecia de Isaías:
‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão;
ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão.
Pois o coração deste povo se tornou insensível;
de má vontade ouviram com seus ouvidos
e fecharam seus olhos.
Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos,
entender com o coração e converter-se,
e eu os curaria.’
Mas, felizes são os olhos de vocês, porque veem;
e os ouvidos de vocês, porque ouvem.
Pois em verdade lhes digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês veem, mas não viram,
e ouvir o que vocês ouvem, mas não ouviram.”

Mateus 13:10-17


Introdução:

Os discípulos notam algo curioso: Jesus fala à multidão usando parábolas, mas a eles explica claramente. Isso revela um princípio espiritual: o acesso à verdade do Reino depende da disposição do coração. Para quem busca de forma sincera, a parábola é uma janela; para quem resiste, é um véu.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. O Reino é revelado a quem tem sede de Deus

O “mistério” não é um segredo para poucos, mas uma revelação para os que desejam ouvir e obedecer.
👉 Reflexão: Você tem buscado compreender a Palavra com humildade e desejo de praticá-la?

2. O endurecimento do coração impede a compreensão espiritual

A cegueira e surdez espirituais não são falta de capacidade, mas resultado de uma resistência voluntária.
👉 Reflexão: Há áreas na sua vida onde você evita ouvir a voz de Deus?

3. Vivemos um privilégio que muitos desejaram

Profetas e justos esperaram ver o cumprimento das promessas que hoje temos em Cristo.
👉 Reflexão: Você valoriza a oportunidade de viver no tempo da plenitude do Evangelho?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Leia a Bíblia com oração e intenção de obedecer.
    Entendimento espiritual vem para quem se aproxima com fé e humildade.

  2. Peça a Deus para manter seu coração sensível.
    Ore para não se acostumar tanto com a verdade que ela deixe de impactar.

  3. Valorize o acesso que você tem à Palavra.
    Participe de estudos, cultos e momentos de comunhão como quem recebeu um presente precioso.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque abriste meus olhos e ouvidos
para compreender as verdades do Teu Reino.

Perdoa-me pelas vezes em que fechei meu coração
e ignorei a Tua voz.

Dá-me fome e sede da Tua Palavra,
e um coração humilde para ouvir e obedecer.

Que eu nunca trate como comum
o privilégio de viver na plenitude da Tua revelação.

Em Teu nome,
Amém.


✨ O próximo será Mateus 13:18-23“A explicação da parábola do semeador”, onde Jesus interpreta cada tipo de solo e o que ele representa. Quer que eu já prepare?

terça-feira, 19 de agosto de 2025

LIÇAO 8 -

Que Tipo de Solo é o Seu Coração

Devocional – Mateus 13:1-9

Título: "Que Tipo de Solo é o Seu Coração?"

“Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à beira-mar.
Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande
que ele entrou num barco e assentou-se,
e todo o povo ficou na praia.
Então lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo:
‘O semeador saiu a semear.
Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho,
e as aves vieram e a comeram.
Parte caiu em terreno pedregoso,
onde não havia muita terra;
logo brotou, porque a terra não era profunda.
Mas, quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram,
porque não tinham raiz.
Outra parte caiu entre espinhos,
que cresceram e sufocaram as plantas.
Outra ainda caiu em boa terra,
deu boa colheita: a cem, sessenta e trinta por um.
Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!’”

Mateus 13:1-9


Introdução:

Jesus, diante de uma multidão, escolhe ensinar por meio de uma parábola — uma história simples com um significado profundo. Aqui, Ele fala sobre um semeador e quatro tipos de solo, representando os diferentes corações que recebem a Palavra de Deus. A pergunta que ecoa é: como está o solo do nosso coração?


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. O semeador é generoso — a Palavra é para todos

Ele não escolhe onde lançar; espalha amplamente, mesmo sabendo que alguns solos não frutificarão.
👉 Reflexão: Você tem sido fiel em semear a Palavra, sem selecionar quem “merece” ouvi-la?

2. A frutificação depende da condição do coração

Não é a semente que muda, mas o solo que determina o resultado.
👉 Reflexão: Que obstáculos (endurecimento, superficialidade, distrações) precisam ser removidos do seu coração?

3. Boa terra não é obra do acaso, mas de cultivo

Para que o solo produza, é preciso preparar, cuidar e proteger.
👉 Reflexão: O que você tem feito para cultivar um coração fértil para Deus?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Remova as “pedras” e “espinhos” da sua vida.
    Identifique pecados, mágoas e distrações que sufocam a Palavra.

  2. Aprofunde suas raízes espirituais.
    Invista tempo diário na leitura da Bíblia e na oração para suportar as provações.

  3. Seja também um semeador.
    Compartilhe a Palavra com amor, lembrando que a colheita pertence a Deus.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tua Palavra é viva e poderosa,
capaz de transformar qualquer coração.

Perdoa-me pelas vezes em que deixei meu coração endurecer,
ficar raso ou sufocado por preocupações.

Ajuda-me a cultivar um solo fértil,
onde Tua Palavra crie raízes profundas e frutifique abundantemente.

E que eu seja um semeador fiel,
anunciando o Evangelho a todos,
confiando na Tua obra.

Em Teu nome,
Amém.



segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O Sinal de Jonas e o Perigo de um Coração Vazio

 

Devocional – Mateus 12:38-45

Título: "O Sinal de Jonas e o Perigo de um Coração Vazio"

_“Então alguns dos fariseus e mestres da lei lhe disseram:
‘Mestre, queremos ver um sinal milagroso da tua parte.’
Ele respondeu:
‘Uma geração perversa e adúltera pede um sinal milagroso!
Mas nenhum sinal será dado a ela, exceto o sinal do profeta Jonas.
Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe,
assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra.
Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão;
pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas.
E agora está aqui o que é maior do que Jonas.
A rainha do Sul se levantará no juízo com esta geração e a condenará;
pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.
E agora está aqui o que é maior do que Salomão.

Quando um espírito imundo sai de um homem,
passa por lugares áridos procurando descanso e não o encontra.
Então diz: "Voltarei para a casa de onde saí".
Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em ordem.
Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele,
e entrando, passam a viver ali.
E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro.
Assim acontecerá a esta geração perversa.’”_
Mateus 12:38-45


Introdução:

Os líderes religiosos pedem a Jesus um sinal, como se os milagres que Ele já havia realizado não fossem suficientes. Jesus então aponta para o “sinal de Jonas” — uma referência direta à Sua morte e ressurreição — e lembra que tanto os ninivitas quanto a rainha de Sabá responderam com arrependimento e busca sincera pela sabedoria, diferentemente da geração presente. Ele encerra com uma advertência: expulsar o mal não basta; é preciso preencher o coração com a presença de Deus, ou o vazio se tornará uma porta aberta para um mal ainda maior.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. Mais sinais não geram mais fé — arrependimento sim

Os fariseus viram milagres, mas não creram. Os ninivitas ouviram uma pregação simples e se arrependeram.
👉 Reflexão: Você está buscando provas ou está respondendo ao que Deus já falou?

2. Jesus é maior do que Jonas e Salomão

Maior que o profeta que levou uma cidade ao arrependimento e maior que o rei que atraiu reis com sua sabedoria.
👉 Reflexão: Você reconhece que em Cristo está a plenitude de toda revelação e poder?

3. Um coração “limpo” mas vazio é um perigo espiritual

Não basta se livrar do pecado; é preciso ser cheio do Espírito e da Palavra.
👉 Reflexão: O que tem ocupado o espaço deixado pelo que Deus já removeu da sua vida?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Responda rapidamente à Palavra de Deus.
    Não espere “mais provas” para obedecer. Hoje é o dia de agir.

  2. Encha sua vida com Cristo diariamente.
    Oração, leitura bíblica, comunhão e serviço são formas de manter o coração ocupado com o bem.

  3. Avalie se há áreas vazias que precisam ser preenchidas pela presença de Deus.
    Não basta eliminar maus hábitos; substitua-os por práticas que glorifiquem ao Senhor.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tu és o maior sinal do amor de Deus —
Teu sacrifício e ressurreição são suficientes para minha fé.

Perdoa-me pelas vezes em que busquei provas,
quando já tinhas me dado Tua Palavra e Tua presença.

Ajuda-me a manter meu coração cheio de Ti,
para que o mal não encontre espaço.

Que eu viva não apenas com uma vida “varrida e em ordem”,
mas completamente habitada pelo Teu Espírito.

Em Teu nome,
Amém.



domingo, 17 de agosto de 2025

A Boca Fala do que o Coração Está Cheio

Devocional – Mateus 12:33-37

Título: "A Boca Fala do que o Coração Está Cheio"

“Considerem uma árvore boa e seu fruto será bom,
ou uma árvore ruim e seu fruto será ruim,
pois uma árvore é reconhecida por seu fruto.
Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas?
Pois a boca fala do que está cheio o coração.
O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração,
e o homem mau tira coisas más do mau tesouro.
Mas eu lhes digo que, no dia do juízo,
os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado.
Pois por suas palavras você será absolvido e por suas palavras será condenado.”

Mateus 12:33-37


Introdução:

Após acusarem Jesus de agir pelo poder de Satanás, os fariseus recebem uma resposta direta: o problema não está apenas no que dizem, mas no coração que produz tais palavras. Para Jesus, nossas falas são um diagnóstico da alma. Se o coração está cheio de graça, amor e verdade, isso transbordará; se está cheio de orgulho, amargura e incredulidade, isso também aparecerá. E Jesus ainda lembra: nossas palavras têm peso eterno.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. O fruto revela a raiz

Não adianta tentar disfarçar indefinidamente — as palavras e ações mostrarão a verdade.
👉 Reflexão: O que suas conversas mais frequentes revelam sobre seu coração?

2. Palavras são consequência do tesouro interior

Se queremos falar bem, precisamos primeiro cultivar um coração bom diante de Deus.
👉 Reflexão: Que tipo de tesouro você tem guardado na sua alma?

3. Prestaremos contas até das palavras “inúteis”

Jesus eleva a seriedade do falar: não é só sobre não mentir, mas sobre falar com propósito e edificação.
👉 Reflexão: Suas palavras constroem ou destroem?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Alimente seu coração com a Palavra de Deus.
    Quanto mais encher sua mente com as Escrituras, mais naturalmente elas guiarão suas palavras.

  2. Pratique o silêncio intencional.
    Nem tudo precisa ser dito. Pergunte: “Isso é verdadeiro? É útil? É amoroso?”

  3. Peça perdão rapidamente quando suas palavras ferirem alguém.
    Humildade restaura relacionamentos e purifica o coração.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tu sondas e conheces o meu coração.
Sabes o que está oculto e o que transborda nos meus lábios.

Perdoa-me pelas palavras impensadas,
pelas conversas que não edificaram
e pelas vezes em que minha boca revelou um coração distante de Ti.

Enche-me com o Teu Espírito,
para que meus lábios expressem graça,
verdade e amor em tudo o que eu disser.

Quero que minhas palavras sejam fruto de um coração transformado por Ti.
Em Teu nome,
Amém.



sábado, 16 de agosto de 2025

Quando o Coração se Fecha à Luz

Devocional – Mateus 12:22-32

Título: "Quando o Coração se Fecha à Luz"

“Então lhe trouxeram um endemoninhado que era cego e mudo,
e Jesus o curou, de modo que ele pôde falar e ver.
Todo o povo ficou atônito e disse:
‘Não será este o Filho de Davi?’
Mas, quando os fariseus ouviram isso, disseram:
‘É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios.’
Jesus, conhecendo seus pensamentos, disse-lhes:
‘Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado,
e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.
Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo.
Como, então, subsistirá o seu reino?
Se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês?
Por isso, eles mesmos serão juízes sobre vocês.
Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios,
então chegou a vocês o Reino de Deus.
Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens,
sem antes amarrá-lo?
Só então poderá roubar a casa dele.
Aquele que não está comigo, está contra mim,
e aquele que comigo não ajunta, espalha.
Por esse motivo eu lhes digo:
todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens,
mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
Quem falar contra o Filho do homem será perdoado,
mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado,
nem nesta era nem na que há de vir.’”

Mateus 12:22-32


Introdução:

Jesus realiza um milagre libertador e restaurador — cura um homem cego e mudo, o liberta de demônios e devolve sua voz e visão. O povo começa a considerar: “Não será este o Filho de Davi?” Mas os fariseus, cegos pelo orgulho, atribuem a obra do Espírito de Deus a Satanás. Essa é a essência da blasfêmia contra o Espírito Santo — uma rejeição persistente e deliberada da obra divina, fechando-se à luz até o fim.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. A obra de Jesus é libertadora, mas nem todos a recebem com fé

O povo vê e se maravilha; os fariseus veem e acusam.
👉 Reflexão: Quando Deus age, você reage com gratidão ou com resistência?

2. A blasfêmia contra o Espírito é a recusa contínua de reconhecer a obra de Deus

Não é um deslize momentâneo, mas um endurecimento progressivo que fecha a porta à salvação.
👉 Reflexão: Seu coração está aberto à correção e ao convencimento do Espírito Santo?

3. Não existe neutralidade diante de Jesus

Ele mesmo disse: “Quem não está comigo, está contra mim.”
👉 Reflexão: Você está realmente ajuntando com Jesus — ou vivendo na indecisão espiritual?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Peça a Deus um coração sensível à voz do Espírito.
    Ore diariamente: “Senhor, não deixe meu coração se endurecer.”

  2. Reconheça e celebre a obra de Deus na vida dos outros.
    Evite a crítica destrutiva — louve a Deus pelo que Ele faz, mesmo quando é diferente do que você esperava.

  3. Defina seu posicionamento diante de Cristo.
    Não viva em “zona neutra” espiritual. Decida-se a estar com Ele, ajuntando com Ele.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tu vieste para libertar, curar e restaurar.
Obrigado porque o Teu Espírito ainda hoje abre olhos, solta línguas e liberta corações.

Perdoa-me pelas vezes em que resisti à Tua voz
ou duvidei da Tua obra.

Dá-me um coração humilde e sensível,
sempre pronto a reconhecer o Teu agir
e a me alegrar na Tua presença.

Quero estar ao Teu lado, ajuntando contigo,
até o dia em que o Teu Reino se revelar plenamente.

Em Teu nome,
Amém.



sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Lição 7: A promessa que não pode ser revogada

“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gl 3.26).

                                                            RESUMO DA LIÇÃO

A promessa de Deus não pode ser revogada pela Lei, pois Deus não se contradiz.

                                              TEXTO BÍBLICO   -  Gálatas 3.17-24.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos que Paulo se refere à importância da promessa em detrimento da Lei. Os judaizantes criam que eram a semente de Abraão, e somente eles. Mas Paulo mostra que a semente de Abraão, para Deus, é mais abrangente, e alcança todos os que creram e creem em Jesus pela fé, judeus e gentios. A Lei, que é o pacto moisaico, não tem o poder de anular a promessa de Deus feita ao patriarca 400 anos antes, pois Deus não voltou atrás em sua promessa.

1 -. O PACTO DE DEUS ANTERIOR À LEI  

1. A Lei não invalida o testamento. Paulo se vale de uma linguagem jurídica para mostrar aos gálatas a importância das promessas de Deus. Aqui, ele apresenta uma contraposição entre a promessa e uma lei. Deus fez promessas a Abraão, e destacamos a de que ele seria pai de uma grande nação. Pelo que vemos ao longo da revelação divina, com base em Gênesis 12.3: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”, o alcance da promessa divina a Abraão ia além da sua semente física. Deus fez um pacto com Abraão, e esse pacto não seria revogado pela lei de Moisés.

 

Na língua grega há duas expressões para a palavra “aliança”. A primeira é syntheke, “colocar junto”, onde um pacto é feito entre partes iguais, com direitos iguais de discutir o acordo a ser proposto. A segunda palavra é diatheke, “colocar por”, e traz a ideia de um acordo em que as partes são desiguais, quando uma parte coloca os termos e a outra aceita ou rejeita. Esse é o termo que Paulo usa para explicar o pacto de Deus com Abraão. O patriarca, como ser humano, era limitado no que poderia oferecer a Deus, exceto pela fé que tinha no Eterno. Deus, por sua vez, prometeu bênçãos a Abraão, e uma vez feito o pacto acerca dessa promessa, não voltaria atrás. Em sua presciência, Deus sabia que os gentios seriam alcançados e experimentariam a oportunidade de viver pela fé.

 

2. A herança vem pela promessa. Por mais que a herança possa ser regulamentada por uma lei, ou seja, por mais que uma lei defina as regras para que uma herança possa ser dada e recebida, a lei não tem o poder de modificar a vontade do testador, nem de alterar o testamento depois de o testador ter falecido. A lei pode regulamentar, mas não invalidar o testamento, ainda mais se essa lei veio muito tempo depois de o testamento ter sido acertado entre o doador e o herdeiro. A promessa de Deus a Abraão não poderia ser revogada pela Lei que Deus deu ao seu povo. A herança não viria através da Lei, mas da promessa baseada e ratificada pelo testamento entre Deus e Abraão.

 

3. A Lei existe por causa das transgressões. Paulo explica o motivo da Lei existir, pois se não o fizesse, certamente os gálatas manteriam a percepção de que seguir os preceitos mosaicos, sendo gentios, era a forma correta de viver o Evangelho. De certa forma, a Lei de Moisés pode ser comparada a um objeto que tem a capacidade de refletir a imagem de uma pessoa, mas não de limpá-la. A Lei mostrava quem a pessoa era, mas não podia mudá-la. Espelhos não mudam a aparência das pessoas que se colocam diante deles.

 

A Lei tinha por objetivo regular as relações entre o homem e Deus, entre o homem e o seu próximo e o homem consigo mesmo. Era um código de suma importância para os hebreus. Ela existia porque a natureza pecaminosa dos filhos de Abraão era a mesma natureza pecaminosa dos demais seres humanos, e os hebreus pelo menos teriam um referencial escrito para não pecar contra Deus.

 

Como já sabemos, a Lei apontava o pecado. Ela, de certa forma, restringia a maldade, e nos é dito que ela existia por conta das transgressões. Como sabemos, é da natureza pecaminosa do ser humano tentar burlar regras (Rm 7.7). A Lei mostrava o pecado, e os homens testavam os limites do alcance dela pecando contra Deus.

 

 II. A LEI NÃO INVALIDA AS PROMESSAS DE DEUS

  

1. A Lei não é contra as promessas de Deus. É estranho imaginar que Deus tenha feito um pacto com Abraão e, quatrocentos anos depois, tenha mudado as regras, fazendo uma Lei para os descendentes de Abraão e mudando os termos antes acertados. Em sua fidelidade, o Eterno mantém o que foi ajustado com Abraão ao longo dos séculos.

 

Paulo pergunta: “Logo, a Lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma Lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela Lei” (Gl 3.21). O que os judaizantes não compreendiam é que a Lei e a promessa de Deus não eram opostas. Deus não criou a Lei para se opor à promessa que havia feito a Abraão, mas para conduzir os hebreus à fé em Cristo. Ela era um aio, como veremos.

 

2. Tudo está debaixo do pecado. Antes de falar sobre a Lei como um tutor, Paulo fala que “a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes” (Gl 3.22). A salvação é uma dádiva, não uma dívida que tenha de ser paga pelo esforço humano. Aqui entra o fator graça de Deus. Com todos colocados no mesmo padrão, ou seja, debaixo do pecado, há uma “padronização”, ou seja, ninguém é melhor ou superior a ninguém quando se trata de receber a salvação. Ou é pela fé ou não é por caminho nenhum.

 

3. A lei como “aio”. A Lei agia como um tutor. Ela ensinava, conduzia no caminho, mas também tolhia a liberdade. Como um batedor militar, que conduz uma autoridade até o seu destino, o aio assim agia. Ele direciona o comboio, faz a proteção, mas não os deixa em liberdade até que tenham chegado ao destino esperado. A Lei de Moisés deve guiar os seus seguidores até Cristo. Da mesma forma que um aio deveria conduzir uma criança até o destino proposto, assim a Lei deveria fazer.

 

A Lei de Moisés não é adversária da graça de Deus. Na prática, a Lei conduz os hebreus até a graça de Deus, pois as ordenanças mosaicas apontam para uma impossibilidade de se agradar a Deus pelas obras: “Porque a lei foi dada por Moisés: a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17). A Lei nos prende ao pecado mostrando o que é o pecado. A liberdade dessa prisão só pode vir por Cristo.

III. OS VERDADEIROS FILHOS DE DEUS

 

 

 

1. Somos filhos de Deus pela fé. O que faz com que sejamos feitos filhos de Deus não é a observância da Lei. Não somos filhos de Deus pelas coisas que fazemos, e sim pela fé em Jesus. É possível que resquícios da mensagem dos judaizantes estejam sendo ensinados em nossos dias, quando se exige que uma pessoa cumpra uma série de preceitos para que possa ser abençoada ou salva.

 

2. Não há judeu nem grego. Na graça de Deus, todos somos iguais para a salvação: pecadores. Sem fé, um hebreu não terá a salvação, e pela fé, um gentio verá a Deus. Por isso Paulo diz que “nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

 

3. Somos descendentes de Abraão (Gl 3.29). Paulo não diz que somos herdeiros de Abraão por força da Lei de Moisés, mas sim por causa da promessa de Deus. Os judeus ainda são descendência física de Abraão, mas todos os que creem em Jesus, pela fé, são igualmente filhos de Abraão.

 

Nós fomos feitos filhos de Deus por adoção, mas nem por isso somos menos filhos de Deus. A adoção traz para nós as prerrogativas de uma herança que nos está destinada pela fé.

CONCLUSÃO

 

 

 

A salvação é um presente de Deus, uma herança, que nos é dada por intermédio da fé, que nos justifica e nos faz filhos de Deus por adoção. Ela não é nem pode ser fruto de troca, como algumas pessoas queiram sugerir. E a Lei de Deus não se opõe à promessa dEle, pois aceita o homem pela fé, e esse é o padrão que Ele estabeleceu para que os homens se aproximassem dEle. Somos filhos de Deus e descendência do patriarca Abraão pela fé.



O Servo Escolhido: Esperança às Nações

 

Devocional – Mateus 12:15-21

Título: "O Servo Escolhido: Esperança às Nações"

“Sabendo disso, Jesus retirou-se daquele lugar.
Muitas pessoas o seguiram, e ele curou todos os doentes,
advertindo-os que não dissessem quem ele era.
Isso aconteceu para se cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías:
‘Eis o meu servo, a quem escolhi,
o meu amado, em quem tenho prazer;
porei sobre ele o meu Espírito,
e ele anunciará justiça às nações.
Não disputará nem gritará,
ninguém ouvirá sua voz nas ruas.
Não quebrará o caniço rachado,
nem apagará o pavio que fumega,
até que leve à vitória a justiça.
Em seu nome as nações porão sua esperança.’”

Mateus 12:15-21


Introdução:

Jesus não se impõe. Após a conspiração dos fariseus, Ele se retira — mas não deixa de curar, restaurar e amar. Mateus então cita Isaías 42 para revelar: Jesus é o Servo do Senhor — manso, discreto, restaurador e cheio do Espírito. Ele não grita, mas transforma. Não esmaga, mas fortalece o fraco. E nesse nome, diz a profecia, “as nações porão sua esperança”.


Três Reflexões para a Vida Cristã Atual:

1. Jesus não se afasta por medo, mas por fidelidade ao seu chamado

Ele não busca briga — Ele busca o Reino.
👉 Reflexão: Você sabe quando se afastar de conflitos que só alimentam orgulho, e seguir curando no silêncio?

2. O Servo de Deus é manso e restaurador, não agressivo e impositivo

Ele não quebra o que já está frágil. Ele acende o que quase se apaga.
👉 Reflexão: Sua presença fortalece os frágeis ou os sufoca?

3. A justiça de Deus avança, mesmo quando silenciosa

Não é com gritos ou ostentação, mas com compaixão e fidelidade que o Reino vence.
👉 Reflexão: Você confia que a justiça de Deus se cumpre no ritmo dEle, mesmo quando você não a vê imediatamente?


Três Aplicações Práticas para o Dia a Dia:

  1. Seja um instrumento de restauração, não de esmagamento.
    Abrace os “caniços quebrados” com graça. Escute. Acolha. Ore. Sirva.

  2. Siga o exemplo do Servo: viva com mansidão e verdade.
    Evite alimentar disputas desnecessárias. Pregue com a vida, não só com palavras.

  3. Coloque sua esperança no nome de Jesus — todos os dias.
    Não é na política, nos líderes ou em você mesmo que está a salvação, mas no Servo fiel.


Oração Final:

Senhor Jesus,
Te agradeço porque Tu não vieste com gritos ou imposições,
mas com compaixão, mansidão e verdade.

Tu curas no silêncio,
reconstróis o que está trincado,
e acendes a chama que está por se apagar.

Perdoa-me pelas vezes em que agi com dureza,
quando Tu me chamavas a ser um servo como Tu.

Faz-me semelhante a Ti:
cheio do Teu Espírito,
zeloso pela justiça,
e disposto a amar os esquecidos.

E que eu, como as nações,
coloque minha esperança apenas em Teu nome.

Amém.


✨ O próximo será Mateus 12:22-32“O pecado imperdoável: quando o coração se fecha à luz”, uma passagem desafiadora e cheia de discernimento espiritual. Deseja que eu já prepare o próximo devocional?

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Lição 7: Uma Igreja que não teme a perseguição

 

TEXTO ÁUREO

 

Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5.29).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Em relação à verdadeira Igreja Cristã há duas verdades inegáveis: 1) a Igreja será perseguida; 2) Deus a protegerá.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Atos 5.25-32; 12.1-5.

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Desde o seu início, a Igreja enfrenta oposição e perseguição. Por sua própria natureza, a fé cristã atrai sobre si a rejeição e a perseguição. Isso porque a fé cristã, por defender princípios exclusivos, muitas vezes se choca com os valores seculares e mundanos. Foi assim no primeiro século e é assim ainda hoje. Contudo, devemos destacar que a igreja não está sozinha nem abandonada no mundo. Deus é o seu dono e, portanto, o seu protetor. Vemos ao longo da história da Igreja o Senhor agindo de diferentes formas para dar livramento e vitória a seu povo. Assim, nesta lição, veremos como Deus faz isso capacitando e empoderando o seu povo para viver no meio de um mundo hostil.

 

 

Palavra-Chave:

 

PERSEGUIÇÃO

 

 

I. A IGREJA PERSEGUIDA

 

1. Os perseguidores. Na Bíblia, vemos que as autoridades religiosas da época dos apóstolos começaram a se opor à Igreja (At 5.17,24). Atos 5 menciona três grupos: os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Os saduceus eram um grupo muito influente, com grande poder político e religioso. Eles tinham o apoio dos sacerdotes e dos anciãos, e, dentro dessas classes religiosas, eram os mais poderosos. Esse grupo já havia tentado atrapalhar o ministério de Jesus várias vezes, criando dificuldades sempre que podiam (Lc 20.27-40). Os anciãos eram líderes judaicos influentes, representando tanto aspectos religiosos quanto políticos, mas sem exercer funções sacerdotais no Templo. Já o capitão do Templo, mencionado também em Atos 4.1, era um sacerdote de nível inferior, mas que tinha autoridade policial dentro do Templo. Esses grupos, cada um com sua influência, viram a Igreja como uma ameaça e fizeram de tudo para impedir a pregação do Evangelho.

2. Esferas da perseguição. A perseguição dos judeus aos cristãos se dava em duas esferas: a religiosa, por verem a mensagem de Cristo como ameaça; e política, os romanos procuravam aumentar o capital político com os judeus.

a) Na esfera religiosa. Lucas registra que os religiosos judeus prenderam os apóstolos (At 5.17,18). À medida que os cristãos testemunhavam da sua fé com poder, ganhavam mais e mais admiração popular (At 2.47). Muitos já havia aceitado a fé (At 4.4). Esse número continuava crescendo (At 5.14). A inveja, portanto, provocou a ira desses líderes. Enquanto a Igreja crescia, o velho judaísmo farisaico regredia.

b) Na esfera política. Em Atos 12.1-5, vemos que a perseguição se dá na esfera estatal e é de natureza mais política, na esfera pública. Ali, o rei Herodes, um dos governantes que representava o império Romano na Judeia, mandou executar Tiago e prender o apóstolo Pedro. Sabendo que Pedro era um líder de destaque entre os apóstolos, queria com isso aumentar o seu capital político perante os judeus que se opunham à Igreja (At 12.3).

3. A Igreja enfrentará oposição. A Igreja sempre enfrentará opositores, de um jeito ou de outro. Isso acontece porque o Cristianismo Bíblico, por sua natureza, acolhe a todos, mas também estabelece princípios para quem deseja segui-lo. Por isso, muitas vezes, é visto como antiquado, preconceituoso e indesejado. A perseguição pode mudar conforme o tempo e o lugar, mas seu objetivo continua o mesmo: silenciar a voz da Igreja.

 

II. A IGREJA PROTEGIDA

 

1. Um anjo de Deus. Lucas destaca que em meio à perseguição, Deus provê livramento para os apóstolos (At 5.19). A igreja não era apenas perseguida, mas também protegida! Aqui a igreja contou com a presença de anjos, seres de natureza totalmente sobrenatural. Não é incomum a presença de anjos no Livro de Atos. Eles estiveram presentes na libertação de Pedro da prisão (At 12.7); com Filipe em sua missão evangelística (At 8.26); em missão na casa do centurião romano, Cornélio (At 10.3) e com o apóstolo Paulo em alto-mar (At 27.23,24). A Bíblia diz que eles estão a serviço daqueles que vão herdar a salvação (Hb 1.14).

2. A intercessão da Igreja. Atos 12.5 diz que a Igreja “fazia contínua oração” por Pedro. O mesmo texto bíblico que mostra um anjo no cenário da libertação de Pedro também revela a Igreja como um agente ativo nessa libertação. Não teria sentido Lucas destacar o papel da Igreja intercedendo por Pedro se isso não tivesse nenhuma relevância. É evidente que Deus é soberano e age como quer e quando quer. A morte de Tiago, irmão de João, é mencionada anteriormente e não temos uma explicação no texto bíblico do porquê Tiago não foi libertado (At 12.2). Contudo, esse evento certamente causou um impacto na Igreja, levando-a a orar ainda mais fervorosamente por Pedro. Deus respondeu à oração da igreja e libertou Pedro.

3. O valor da oração. Essa passagem bíblica, assim como muitas outras, mostra o grande valor da oração. Enquanto os cristãos oravam, o lugar em que estavam tremeu (At 4.31); quando Paulo orava, teve uma visão com Ananias de Damasco orando pela cura dele (At 9.11,12); enquanto Cornélio orava, um anjo se apresentou a ele (At 10.3) e os apóstolos oravam para que os cristãos fossem batizados no Espírito Santo (At 8.15). Não podemos subestimar o poder da oração. A conhecida frase “muita oração, muito poder; pouca oração pouco poder” ainda continua atual.

 

III. A IGREJA DESTEMIDA

 

1. Testemunho com poder. Tão logo foram libertos, os apóstolos começaram a testemunhar de sua fé (At 5.25). De nenhuma forma se sentiram intimidados. Estavam capacitados pelo poder do alto. Não é por acaso que o livro de Atos já foi denominado por antigos escritores de os “Atos do Espírito Santo”. Vemos o Espírito Santo operando por todo o livro, mesmo quando o seu nome não é mencionado. Ele é a fonte de poder da Igreja. Sem o Espírito Santo a Igreja perde o seu testemunho e se torna inoperante.

2. Convictos de sua fé. Lucas registra a ousadia do testemunho de Pedro (At 5.29). Nesse texto temos uma clara defesa dos valores cristãos. Ele mostra que a Igreja Primitiva não negociava sua fé, mesmo que isso lhe custasse caro. A mesma referência também é muitas vezes usada para justificar a desobediência cível por parte da igreja em relação ao Estado, quando este age contrariamente aos princípios adotados por aquela. De fato, isso está em foco. Contudo, não se trata de uma mera desobediência civil ou rebeldia, mas de uma defesa consciente daquilo que a igreja crê como fazendo parte da sua natureza e essência e que, por conta disso, não pode, de forma alguma, ser negociado.

 CONCLUSÃO

 

Vimos como uma igreja capacitada pelo Espírito enfrenta perseguições. O cristão, portanto, não deve se assustar com elas. No contexto do Cristianismo Bíblico essa é a regra, não a exceção. Ninguém gosta de ser perseguido; contudo, as Escrituras nos previnem a respeito da realidade da perseguição na jornada cristã (Jo 16.33). Isso não significa que o sofrimento deve ser um alvo a ser alcançado, mas que devemos estar conscientes de que não podemos evitá-lo. Portanto, o nosso foco deve estar em Deus, pois Ele é quem pode nos guardar e capacitar no meio do sofrimento.