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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Lição 8: Uma Igreja que enfrenta os seus problemas

Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. (At 6.3).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE  

Atos 6.1-7.

COMENTÁRIO

 INTRODUÇÃO

Nesta lição, exploraremos a diaconia bíblica, um ministério essencial de serviço na igreja, que nos ensina sobre o serviço ao próximo. A Bíblia nos mostra que a Igreja, mesmo em seus primórdios, enfrentava desafios, mas a busca por soluções em Deus era fundamental. A criação do ministério dos diáconos não foi para estabelecer uma hierarquia, mas para organizar o serviço social na Igreja, mostrando que todos os líderes são chamados a servir. O que realmente importa no Reino de Deus é a disposição em servir, independentemente do cargo ou tarefa, pois o serviço é a essência do trabalho na igreja.

I. A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

1. Conflito de natureza cultural.

Lucas cita um conflito entre os “gregos” e “hebreus” (At 6.1a). A referência neste texto aos “gregos” está relacionada aos judeus helenistas, isto é, que haviam emigrado para outros países e que, por conta disso, falavam somente a língua grega. Por outro lado, o termo “hebreus” era uma referência aos judeus de Jerusalém que se comunicavam principalmente em hebraico (aramaico). Havia, portanto, uma barreira de natureza cultural por conta da língua. Essa barreira cultural trouxe um conflito de relacionamento entre os crentes da primeira igreja. Isso fez com que os apóstolos, logo após tomarem conhecimento do problema, buscassem uma solução. Eles não podiam deixar a igreja de Jerusalém se desintegrar por conta de barreira de natureza cultural. A unidade da igreja não pode ser ameaçada por conflito de qualquer natureza.

 

2. Conflito de natureza social

Lucas explica que em razão daquela diferença cultural, “as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1b). Aqui fica evidente a natureza social do problema — as viúvas de fala grega estavam sendo negligenciadas na distribuição diária. O conflito se instalou e precisava de solução. Fica em evidência que a igreja não é só um organismo, ela também é uma organização. Ela tem sua esfera espiritual, mas também social. Era, portanto, essa parte social que estava em desequilíbrio e precisava de cuidados.

 

3. Qual é a prioridade?

 É muito comum a ideia de que o cristão deve cuidar apenas da esfera espiritual e negligenciar a social. Cria-se dessa forma um entendimento nada bíblico de que a primeira deve ser privilegiada e a segunda, negligenciada. Assim, por exemplo, um evento musical recebe grande atenção porquanto mexe com as emoções, enquanto um trabalho social numa igreja local carente conta com poucas adesões. Negligenciar os mais necessitados é um dos pecados denunciados tanto no Antigo Testamento (Is 58.6) quanto no Novo Testamento (Mt 25.35-38). Não podemos ignorar a situação social dos menos favorecidos e pensar que, dessa forma, estamos adorando a Deus em espírito e em verdade.

 

II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

1. O ministério da oração e da Palavra. Diante do conflito, os apóstolos perceberam que a parte da comunidade que estava sendo negligenciada precisava de cuidados. Contudo, eles também perceberam que não poderiam resolver um problema criando outro. Cuidar dos mais necessitados era uma missão urgente da igreja, mas os ministérios da oração e pregação da Palavra de Deus também o eram (At 6.4). Tanto a parte social como a devocional e evangelística fazem parte de uma única missão da Igreja. Poderíamos dizer que são os dois lados de uma mesma moeda. Cuidar dos necessitados é importante, igualmente importante é a oração e a evangelização.

 

2. Não há conflito entre tarefas. Não podemos ler Atos 6 como se o ministério da oração e da pregação estivessem em oposição com o ministério de serviço social. Não há essa contradição, onde um é considerado mais espiritual e o outro menos. Tudo faz parte de uma única missão da Igreja. Assim, se a igreja ora e prega, mas não cuida dos necessitados, ela falha em sua missão. Da mesma forma, se a igreja se torna apenas um centro social, negligenciando a oração e a pregação, ela perde a sua essência, deixa de ser Igreja de Cristo e, por isso, também falha em sua missão.

 

3. A Diaconia. O parecer dos apóstolos foi que eles constituíssem pessoas habilitadas sobre o que eles denominaram de “este importante negócio” (At 6.3). É, portanto, uma referência ao “serviço” ou “diaconia”, identificado no versículo 3 como “servir” as mesas (At 6.3). A palavra “diaconia” tem a ver mais com a função do que com a forma. Assim, em Atos 6 o que está mais em destaque é a função exercida pelos sete diáconos do que o cargo ou ofício ocupado por eles.

 

O contexto favorece esse entendimento. Contudo, essa narrativa bíblica fundamenta a instituição do diaconato cristão. Outrossim, devemos enfatizar aqui que a diaconia era vista pelos apóstolos como um “importante” negócio, ou seja, algo necessário à igreja. Esse entendimento apostólico contradiz o que muitos pensam atualmente a respeito do serviço da diaconia. Infelizmente, há os que enxergam um diácono como um obreiro de classe inferior. Mas no contexto bíblico, a diaconia é um serviço especial onde somente pessoas especiais, isto é, com as qualificações bíblicas exigidas, podem trabalhar.

 

III. SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS

 1. Privilegiando o caráter. Nas exigências das qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ganha ênfase: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). Aqueles que iriam “cuidar das mesas” deveriam ser pessoas de “boa reputação”. A palavra “boa reputação” traduz o termo grego martyreo, que significa “testemunha” ou “mártir”, quer dizer uma pessoa autêntica, honesta, correta e que não negocia valores para exercer a função da diaconia. Às vezes pensamos que essas exigências eram apenas para os dias bíblicos, o que evidentemente é um equívoco. Se para aqueles que se dedicariam apenas em “servir as mesas”, isto é, os diáconos, era exigido “boa reputação”, então o que dizer dos pastores que cuidam de todo o rebanho?

 

2. Exercitando os dons. Essas pessoas, encarregadas da diaconia da igreja, além da exigência de boa reputação, deviam ser cheias do “Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). Defender a boa ortodoxia, isto é, a doutrina correta, era importante, mas incompleto. Era necessário que essas pessoas também fossem cheias do Espírito Santo e de sabedoria. É possível uma pessoa ser ortodoxa, eticamente irrepreensível, contudo, não ser quebrantada e nem possuir fervor espiritual. Da mesma forma, é possível uma pessoa exercitar os dons espirituais, contudo, não ter sabedoria nenhuma. Uma coisa não pode funcionar sem a outra. O ideal de Deus é que o cristão viva corretamente exercitando os dons espirituais com a sabedoria no exercício da diaconia.

 

 

CONCLUSÃO

 

 

 

Aprendemos nesta lição a importância do serviço cristão. A igreja “espiritual” é também social. Devemos nos dedicar tanto ao ministério da oração e pregação como também à assistência ao mais necessitados. A igreja que cuida da alma também deve cuidar do corpo. Deus não é glorificado na desgraça de ninguém. Se há um necessitado em nosso meio, e há, devemos considerar os princípios bíblicos ensinados nessa passagem das Escrituras para alcançá-lo. Assim, a igreja cresce como Igreja de Deus e o Senhor é glorificado.

 

 

 

 


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