2 Coríntios
8.1-6
1 - O Exemplo das Igrejas de
Macedônia
No texto de referência (2
Coríntios 8.1-6), o apostolo Paulo apresenta o exemplo das igrejas da macedônia
não como um mero apelo por contribuições, mas como uma poderosa demonstração da
graça de Deus em ação; essas igrejas da macedônia se dispuseram a ajudar os
irmãos necessitados de Jerusalém. Abraçaram a causa da generosidade,
voluntariedade e alegria na contribuição rompendo barreiras étnicas e sociais,
entre os crentes gentios e judeus, consolidando a unidade ensinada por Cristo.
1.1 - Deus Generoso, Igreja Generosa
As Igrejas da Macedônia servem
como exemplos, realmente foram como um farol que brilha na densa escuridão da
noite e que em condições de baixa visibilidade no mar: orienta, sinaliza, e
contribui para a segurança da navegação.
Em um cenário de relacionamento
tenso, após uma "visita dolorosa" e uma "carta de lágrimas"
para a Igreja de Corinto que estava em processo de restauração; o apóstolo
Paulo destaca para eles o exemplo dos irmãos das Igrejas da Macedônia, uma
província romana, que mesmo enfrentando dificuldades econômicas demonstraram
generosidade para com os irmãos judeus de Jerusalém.
Corinto, uma cidade cosmopolita
e próspera, contrastava fortemente com a situação econômica da Macedônia.
Em um mundo frequentemente
consumido pelo materialismo e pela autopreservação, o exemplo das igrejas da
Macedônia permanece como um farol desafiador. Ele nos conclama a reavaliar
nossas próprias atitudes em relação à generosidade, a buscar uma alegria que
transcende as circunstâncias e a viver uma vida de entrega radical a Deus e ao
próximo, tudo pela poderosa e transformadora graça de Deus.
"Agora, irmãos, queremos
que você conheçam a graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia" (2Co
8.1)
Paulo inicia não um pedido, mas
um testemunho. A generosidade dos macedônios não é primariamente um feito
humano, mas uma obra da "graça" (em grego, charis) de Deus. Charis
aqui transcende a noção de favor imerecido; é a força transformadora de Deus
que capacita e inspira a ação. Ao atribuir a generosidade à graça divina, Paulo
estabelece o fundamento teológico para tudo o que se segue.
A Graça
como Fonte de Generosidade
A verdadeira generosidade não é
gerada por pressão, culpa ou busca por reconhecimento, mas é um fruto da graça
transformadora de Deus em nossos corações.
1.2 - Alegria em Meio à
Tribulação
"No meio da mais severa
provação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica
generosidade" (2Co 8.2)
Este versículo apresenta um
paradoxo impressionante. Os macedônios (as igrejas de Filipos, Tessalônica e
Bereia) estavam enfrentando "severa provação" e "extrema
pobreza". A palavra grega para pobreza, PTOCHEIA, denota uma carência severa,
não apenas um falta de luxos. No entanto, em meio a essa dificuldade , duas
qualidades floresceram: "grande alegria" e "rica
generosidade". Isso desafia a lógica humana, que frequentemente associa a
generosidade à abundância material. A fonte de sua alegria e generosidade não
estava em suas circunstâncias, mas em sua fé.
Alegria em
Meio à Adversidade
A alegria cristã não depende das
circunstâncias externas. Os macedônios nos ensinam que é possível experimentar
uma alegria profunda e transbordante mesmo em meio as provações e dificuldades.
"Pois dou testemunho de que
eles deram tudo o que podiam e até mesmo além do que podiam. Por iniciativa
própria" (2Co 8.3)
A doação dos macedônios foi
voluntária e sacrificial. Eles não deram apenas do que lhes sobrava, mas
"além do que podiam". Isso não implica imprudência financeira, mas
uma confiança radical na provisão de Deus e um compromisso que transcendia o
cálculo humano. A frase "por iniciativa própria" enfatiza a
espontaneidade e a sinceridade de sua oferta, contrastando com qualquer forma
de coação.
O
Sacrifício como Medida do Amor
A generosidade não é medida pela
quantia dada, mas pelo sacrifício envolvido. Dar "além das posses"
reflete uma confiança radical em Deus e um amor que se estende para além do
conforto pessoal.
1.3 - Ajudando e Sendo Ajudado
"eles
nos suplicaram com insistência o privilégio de participar da assistência aos
santos" (2Co 8.4)
Aqui, o
conceito de "graça" (charis) reaparece, desta vez como o
"privilégio" de participar do serviço (Diakonia) aos santos. A
palavra grega para "participar" é Koinonia, que significa comunhão ou
parceria. Os macedônios não viam a doação como um fardo, mas como uma
oportunidade graciosa de expressar sua comunhão com os crentes em Jerusalém.
Eles "suplicaram com insistência" para participar da ajuda aos irmãos
de Jerusalém.
A Doação
como um Ato de Adoração e Comunhão
A
contribuição para as necessidades de outros crentes é uma forma de Koinonia
(comunhão) e diakonia (serviço), um ato de adoração que expressa nossa unidade
em Cristo.
2 - Igreja Cristã, lugar de
Acolhimento
Tanto as
Igrejas da Macedônia (2Co 8.1-6) como a Igreja Primitiva de Jerusalém (At
2.45,46) demonstraram a prática das boas obras na prática, não apenas ficando
na fé em palavras.
2.1 - Igreja, Exemplo do Amor de Deus
A missão de
proclamar o Evangelho não isenta a Igreja e o cristão da responsabilidade em
ajudar os pobres e necessitados.
Na verdade,
ambas as responsabilidades estão profundamente entrelaçadas na prática da fé
cristã, de acordo com as Escrituras:
1. A
Evangelização e a prática do amor ao próximo caminham juntas
Jesus
deixou claro que amar a Deus e amar ao próximo são os maiores mandamentos (Mt
22.37-39).
Amar ao
próximo inclui cuidar dos necessitados, dos pobres, dos doentes e dos
marginalizados.
2. Jesus
vinculou a ajuda aos necessitados à própria aceitação no Reino
"Porque
tive fome, e me deste de comer; tive sede, e me deste de beber; era
estrangeiro, e me acolheste; estava nu, e me vestiste; enfermo, e me visitaste;
preso, e foste ver-me". E então os justos perguntarão quando fizeram
isso, e Jesus responde:
"Em
verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um deles meus pequeninos irmãos,
a mim o fizestes" (Mt 25.35-40)
Aqui, Jesus
mostra que o cuidado prático com os necessitados não é opcional, mas parte
essencial da vivência cristã.
3 - Os
apóstolos também reforçaram essa responsabilidade
"Somente
nos recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por
fazer" (Gl 2.10)
Paulo, ao
ser aceito pelos apóstolos em Jerusalém, recebeu essa exortação clara; não
esquecer dos pobres.
"De
que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé
pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiverem nus e precisando do alimento de
cada dia e um de vocês lhes disser: "Vão em paz, aqueçam-se e alimentem-se
bem", sem, porém, lhes dar o que é necessário para o corpo, que adianta
isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está
morta" (Tg 2.14-17)
Tiago é bem
direto: uma fé que não se traduz em ações práticas, especialmente em socorro
aos necessitados, é uma fé morta.
4 - O
Exemplo da Igreja Primitiva
"Todos
os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e
bens, e repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um" (At
2.44-45)
A Igreja
nascente tinha um forte compromisso não só com a pregação, mas também com a
partilha e o cuidado mútuo.
Evangelizar
sem Ajudar ou Ajudar sem Evangelizar ?
Nem uma das
duas , vejamos :
A missão de
proclamar o Evangelho é inseparável da prática do amor ao próximo,
especialmente ajuda aos pobres e necessitados. O cristão é chamado tanto a
anunciar a salvação em Cristo quanto a manifestar, por meio de suas ações, o
amor e a justiça do Reino de Deus.
Proclamar o
Evangelho sem amar de forma prática é incoerente com os ensinamentos de Jesus.
E ajudar sem anunciar o Evangelho também é incompleto, porque priva as pessoas
da salvação eterna.
2.2 - Igreja, lugar de Fraternidade
A Origem do
Egoísmo
Gênesis 3 narra a queda de Adão
e Eva. Ao desobedecerem a Deus, o ser humano rompeu seu relacionamento perfeito
com o Criador. A partir desse momento, o coração humano se voltou de Deus para
si mesmo. O amor próprio desordenado substituiu o amor de Deus e ao próximo.
"Pois tudo o que há no
mundo, a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens não
procede do Pai, mas do mundo" (1Jo 2.16).
Aqui vemos que a ostentação dos
bens e o desejo descontrolado por posses são expressões claras da corrupção do
coração humano. O amor aos bens materiais se torna uma forma de idolatria,
quando o ser humano passa a confiar mais nas riquezas do que em Deus: "Portanto, façam morrer tudo o que
pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão,
desejos maus e a ganância, que é idolatria" (Cl 3.5).
Desde que se separou de Deus, o
ser humano tenta preencher o vazio espiritual com coisas materiais, o texto
abaixo mostra que o coração humano nunca se satisfaz apenas com coisas
materiais, mas continua buscando mais, de forma insaciável :
"Quem ama o dinheiro jamais
terá o suficiente; quem ama as riquezas nunca ficará satisfeito com seus
rendimentos. isso também é vaidade" (Ec 5.10).
A bíblia trata o egoísmo,
avareza e apego aos bens materiais como idolatria, cobiça e vazio espiritual,
mostrando que somente através de Cristo é possível uma transformação interior
que liberta o ser humano desse ciclo de busca insaciável por segurança nas
riquezas.
A Igreja
não é lugar de Egoísmo, é lugar de Fraternidade
Biblicamente, a Igreja deve ser
um lugar de exercício da solidariedade, do amor e da prática do bem comum,
funcionando como um contraste vivo em relação ao mundo, que é dominado pelo
egoísmo, individualismo e busca desenfreada por interesses próprios. O cristão
e, consequentemente, a igreja não devem assumir os valores egoístas do mundo,
mas viver uma cultura do Reino, baseada no amor, na generosidade e na
compaixão.
A verdadeira espiritualidade se
expressa no cuidado mútuo, na empatia e na solidariedade prática : "Levai as cargas uns dos outros, e assim
cumprireis a lei de Cristo" (Gl 6.2).
A Igreja deve ser um reflexo
visível do amor de Deus, sendo luz em meio às trevas de um mundo marcado pelo
egoísmo : "Um novo mandamento vos
dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei ... Nisto todos conhecerão
que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13.34-35).
O apóstolo Paulo ensina que a
solidariedade não é opcional, mas parte do próprio funcionamento da comunidade
cristã : "... para que não haja
divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros. De
maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e se um membro é
honrado, todos se alegram com ele" (1Co 12.25-26).
Resumindo, a Igreja deve ser um
lugar onde se pratica o bem comum, a solidariedade, a partilha, o amor e o
serviço mútuo. Ela deve ser um testemunho vivo e contracultural, diferente do
mundo egoísta e materialista, refletindo os valores do Reino de Deus.
2.3 - A Estratégia do Maligno
O Mundo Jaz
no Maligno
O apóstolo João deixou claro
que "somos de Deus e que o
mundo jaz no maligno" (1Jo 5.19).
O mundo neste contexto se refere
:
a) Sistema Espiritual governado
pelo Diabo e seus demônios
b) Ideias práticas e influências
que se opõem a Deus
c) Sistema organizado de valores
contrários a vontade de Deus
Esse mundo segundo João é
dominado pelos desejos da carne, concupiscências dos olhos e soberba da vida
(1Jo 2.16).
De fato, o mundo que vivemos
exalta o que Deus condena e despreza o que Deus valoriza, o homem se coloca no
centro de todas as coisas e nega a existência ou relevância de Deus, eleva o
materialismo e nega a realidade espiritual.
O Sistema
do mundo está dominado pelo Maligno, na tentação no deserto, o Diabo ofereceu-o
a Jesus em troca de adoração : "E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este
poder e glória; porque a mim me foi entregue, e dou-lhe a quem quero. Portanto, se tu me
adorares, tudo será teu" (Lc 4.6-7).
Deus criou o universo e é dono
de tudo, salmista afirmou que ao "Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os
que nele habitam" (Sl 24.1), todavia, o pecado de Adão e Eva deu legalidade para o Maligno dominar
o sistema do mundo e a vida das pessoas: "porque a mim foi entregue".
O pecado de Adão e Eva foi como dar uma chave para o Diabo atuar na terra com
poder, glória e autoridade. Hoje o homem sem Jesus vive sob domínio das Trevas
(2Tm 3.3-4).
O mal não
está apenas nas ações externas, mas enraizado na natureza interior.
"Nã há quem faça o bem, não
há sequer um" (sl 53.3)
A humanidade inteira está
corrompida pelo pecado.
A expressão "não há quem
faça o bem" não significa que as pessoas não fazem atos de bondade social,
mas que, aos olhos de Deus, nenhum ser humano é, por natureza, justo, perfeito
ou moralmente puro. O mal não está apenas nas ações externas, mas enraizado na
natureza interior.
Qual é a
Estratégia do Maligno ?
A Estratégia do Maligno é
dominar as pessoas, é fazer as pessoas repousarem em suas mãos, cegá-las de tal
forma que vivam sem vida espiritual dominadas pelas obras da carne de
Gálatas 5.19-21 (Imoralidade sexual, Idolatria, Feitiçaria, Inimizades, Discórdias,
Ciúmes, Iras, Egoísmos, Divisões, Facções, Invejas, Bebedices, Orgias e coisas
semelhantes).
O Maligno trabalha em prol de um
mundo egoísta, sem partilha, sem generosidade, sem ajuda ao próximo !
O cristão não é mais dominado
pelo Diabo, não pratica mais as obras da carne, não jaz (repousa) no maligno,
porque está liberto pelo sangue de Jesus, agora produz o Fruto do Espírito
de Gálatas 5.22-23 (Amor, Alegria, Paz, Longanimidade, Benignidade, Fidelidade,
Mansidão e Temperança).
Agora não somos avarentos,
praticamos boas obras !
Conselho de
Paulo sobre Generosidade
"Que pratiquem o bem, sejam
ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir" (1Tm 6.18)
A bênção financeira deve ser um
meio de fazer o bem ao próximo, não de ostentação ou egoísmo. Deus deseja que
sejamos abundantes, não em dinheiro apenas, mas em atos de bondade, serviço e
generosidade.
A generosidade é uma marca do
cristão fiel, que entende que tudo que possui vem de Deus. Portanto, o cristão,
deve ter disposição constante para compartilhar, não de forma ocasional, mas
como estilo de vida.
3 - Cooperando com a Igreja
Local
"Dele todo o corpo,
ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si
mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função" (Ef 4.16)
Cristo é a cabeça da Igreja. Ele
é a fonte da direção, vida e crescimento espiritual. Nada funciona fora dEle.
Cada membro se conecta com o
outro. Essa união é necessária para que na obra de Deus haja harmonia e
funcionamento saudável.
No texto, apóstolo Paulo ensina
que cada cristão tem um papel importante na edificação da Igreja (corpo de
Cristo). Não há membros inúteis, todos devem servir conforme os dons e recursos
que receberam, cooperando com amor para o bem comum. Isso promove a unidade, a
maturidade e o testemunho do corpo de Cristo no mundo.
3.1 - Cooperando com a Manutenção no Templo
Em 1
Crônicas 29.2-3, Davi demonstra um zelo profundo pelo templo, mesmo sabendo que
não seria ele que o construiria. Seu empenho em preparar materiais preciosos
reflete que o templo era uma prioridade espiritual e comunitária, sendo um
lugar de adoração e encontro com Deus.
Davi
oferece não apenas recursos públicos, mas também bens pessoais. Isso mostra que
as contribuições e o uso das contribuições públicas não eram feitas de qualquer
maneira, mas com sacrifício, amor e reverência a Deus.
Os
materiais não eram desperdiçados. Cada tipo de recurso tinha um uso específico
(ouro, prata, bronze, ferro, madeira, pedras). Isso demonstra que na obra de
Deus é necessário haver organização, planejamento e responsabilidade no uso das
contribuições.
Após a
atitude de Davi, os líderes e o povo também se dispuseram a contribuir
generosamente (1 Crônicas 29.6-9). O exemplo de zelo e compromisso gera um
movimento coletivo de fidelidade e adoração, em contrapartida, quando se vê
desperdícios de recursos financeiros, falta de transparências e
responsabilidade nas finanças da igreja, investimentos em obras faraônicas e
ostentações da liderança o movimento coletivo de fidelidade na entrega dos
dízimos e ofertas tem a tendência de recuar.
Davi deixa
claro que sua motivação era o amor pela casa de Deus. O cuidado com o templo e
as contribuições não era por vaidade ou aparência, mas por gratidão, amor e
reverência ao Senhor.
Aplicação
Prática
a) As
contribuições para a obra de Deus devem ser feitas com amor, não por obrigação.
b) É
necessário haver transparência, responsabilidade e sabedoria na administração
dos recursos da igreja.
c) O zelo
pela casa de Deus reflete nosso compromisso espiritual.
d) Líderes
que dão exemplo de generosidade e cuidado motiva a igreja a participar da obra
com alegria.
3.2 - Cooperando com o Serviço Ministerial
"Permanecei na mesma casa,
comendo e bebendo do que eles tiverem, porque digno é o trabalhador do seu
salário. Não andeis de casa em casa" (Lc 10.7)
"Permanecei
na mesma casa"
Jesus orienta a permanecer com
constância onde forem bem recebidos. Isso evita a aparência de interesse por
melhores acomodações ou benefícios materiais. Ele ensina contentamento,
gratidão e simplicidade.
"Comendo
e bebendo do que eles tiverem..."
Os missionários deveriam aceitar
com gratidão o sustento oferecido. Não deveriam ser exigentes ou seletivos. O
foco da missão não era o conforto pessoal, mas o anúncio do Reino.
"Porque
digno é o trabalhador do seu salário..."
Jesus afirma um princípio de
justiça e reconhecimento: quem trabalha na obra do Senhor é digno de ser
sustentado por ela. Isso apoia biblicamente o sustento de missionários,
pastores e obreiros fiéis. Não se deve usar esse versículo para receber
altos salários, cobrar altos valores para ser o preletor ou cantor na igreja.
"Não
andeis de casa em casa."
Evita-se aqui um comportamento
instável ou interesseiro.
A ordem é não buscar vantagens
pessoais, nem agir como se a missão fosse uma oportunidade de tirar proveito
social ou material.
Usando o
Versículo de Lucas 10.7 de forma Apelativa
Infelizmente alguns mercenários
da fé usam esse versículo de forma apelativa, distorcendo seu verdadeiro
sentido, como uma justificativa para:
a) Exigir ofertas exorbitantes
b) Cobrar por bênção, orações,
profecias ou milagres
c) Enriquecer às custas da fé
das pessoas simples
d) Manter estilos de vida
luxuosos, incompatíveis com o ministério bíblico.
Apelam emocionalmente, criando
um peso nas pessoas, fazendo-as acreditar que, se não contribuírem, estão em
pecado, estão dando legalidade para o devorador ou estarão
"bloqueando" suas bênçãos.
O que Jesus
realmente ensinou em Lucas 10.7 ?
a) O princípio é que quem
trabalha na obra de Deus merece sustento digno e honesto, não enriquecimento e
nem exploração.
b) O sustento vem da
hospitalidade, gratidão e generosidade voluntária, não de exploração
espiritual.
c) A mesma passagem também
ensina o contrário do que fazem os mercenários: "Não andeis de casa em
casa", ou seja, não sejam interesseiros, nem aproveitadores, nem busquem
sempre o que é melhor para si.
O erro dos
mercenários da fé
a) Ignoram a parte do texto que
fala de simplicidade, contentamento e dependência de Deus.
b) Transformam um princípio de
provisão digna em uma indústria religiosa.
c) Fazem comércio da fé, algo
que é condenado claramente na Bíblia (2Pe 2.1-3; 1Tm 6.5-10; Mt 10.8)
d) Correm o risco de ouvir um
dia de Deus "não vos conheço", aparta-te de mim.
Visão
Bíblica Equilibrada
A Igreja deve, sim, sustentar
obreiros fiéis (1Co 9.13-14; Gl 6.6), mas com equilíbrio, zelo,
responsabilidade e sob a motivação correta: amor, gratidão e compromisso com o
Reino;
O obreiro não deve trabalhar na
obra visando riqueza, mas sim por amor a Deus e às almas (1Pe 5.2-3; Fp
4.11-13).
3.3 - Cooperando com os Necessitados
De forma resumida, a igreja pode cooperar com os
necessitados através de :
1. Ações de solidariedade
Distribuindo alimentos, roupas, remédios, auxílio
emergencial, apoio em caso de catástrofes.
2. Apoio espiritual e emocional
Oferecendo visitas aos enfermos, enlutados e
encarcerados; oração, aconselhamento e cuidado pastoral.
3. Promoção Social
Incentivando cursos, capacitação profissional e
geração de renda.
4. Prática de Generosidade
Mobilizando ofertas e contribuições específicas
para ajudar os mais vulneráveis.
5. Parcerias Comunitárias
Atuando junto a organizações sociais e projetos que
atendem os necessitados.
Comentário
Pr. Éder Tomé