Estudaremos a caminhada do jovem João, filho de Zebedeu,
discípulo e, mais tarde, Apóstolo de Jesus.
Descrito como o discípulo amado, João viveu até avançada
idade, depois de receber de Deus a revelação do Livro de Apocalipse.
Ele também ficou conhecido como o apóstolo do Amor.
1 - O Jovem João, Filho de Zebedeu
O chamado dos apóstolos João e Tiago, filhos de Zebedeu, é
um dos episódios mais marcantes no início do ministério de Jesus, e é relatado
nos Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas).
O Cenário do Chamado
Tiago e João eram pescadores e trabalhavam com seu pai,
Zebedeu, no Mar da galileia. Eles tinham um negócio de pesca próspero, ou seja,
um negócio de pesca estabelecido com muitos empregados, o que indica que a
família tinha uma certa condição social: "E logo os chamou. Deixando eles
no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus" (Mc
1.20 - ARA).
Também eram parceiros de Simão Pedro e André, que também
eram pescadores: "assim como de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, que
eram sócios de Simão..." (Lc 5.10 - ARA).
O Momento do Chamado
Em um dia, enquanto Jesus caminhava pela beira do Mar da
Galileia, Ele viu Simão e André lançando suas redes e os chamou para serem
"pescadores de homens". Continuando dali, Ele viu Tiago, filho de
Zebedeu, e João, seu irmão, no barco com seu pai, consertando as redes:
"Seguindo um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu
irmão, no barco, consertando as redes ..." (Marcos 1.19).
Eles estavam engajados em uma tarefa essencial para a pesca,
o conserto das redes. Isso demonstra que eles eram trabalhadores dedicados e
cuidavam de seus instrumentos de trabalho.
Resposta Imediata
Jesus os chamou, e a resposta de João e Tiago foi imediata e
radical. Sem hesitar, eles imediatamente deixaram o barco e seu pai Zebedeu e
seguiram a Jesus. Essa prontidão em abandonar suas vidas e profissão para
seguir a Cristo demonstra uma grande fé e disposição.
Importância de João e Tiago
Tiago e João, juntamente com Pedro, formavam um círculo mais
íntimo dos discípulos de Jesus. Eles foram testemunhas de momentos cruciais do
ministério de Cristo, como veremos mais adiante no tópico 2.
A história de Tiago e João é um exemplo poderoso de
obediência e entrega total ao chamado de Jesus, mesmo que isso implicasse em
deixar para trás uma vida estabelecida e enfrentar desafios. Ao longo do tempo
com Jesus, seus temperamentos foram sendo moldados, transformando-os em
apóstolos dedicados, com João sendo conhecido posteriormente como o
"discípulo amado" e autor de um dos Evangelhos.
1.1 - Dois Jovens Impetuosos
Tanto João como seu irmão Tiago tinham temperamento
impetuoso, ou seja, agiam de forma impulsiva, precipitada e muitas vezes sem
controle, com pouca reflexão sobre as consequências de suas ações.
A Bíblia mostra ocasiões que demonstraram que João e Tiago
tinham um temperamento impetuoso, vejamos :
a) Quando queriam que Jesus chamasse fogo do céu para
consumir um vilarejo samaritano que não os recebeu bem (Lc 9.51-56).
b) Quando queriam proibir um grupo de pessoas expulsarem
demônios usando o nome de Jesus (Mc 9.38).
c) Quando a mãe de
Tiago e João pediu a Jesus que eles se sentassem à sua direita e à sua esquerda
em seu Reino, gerou indignação entre os outros apóstolos. Além disso, Tiago e
João também demonstraram seu temperamento impetuoso nessa ocasião. Mateus
relata que a Mãe de João e Tiago fez o tal pedido (Mt 20.20-21), já Marcos
relata o pedido sendo feito diretamente por Tiago e João (Mc 10.35-37). Ambos
os relatos concordam que o desejo de ocupar posição de destaque no Reino de
Jesus partiu dos irmãos, no entanto Mateus destaca a intercessão da mãe. O que
importa aqui é que o pedido de Tiago e João já demonstrava um comportamento
impetuoso evidenciado pela ousadia do pedido e falta de entendimento.
1.2 - Filhos do Trovão
Jesus deu a Tiago e João o apelido de "Boanerges"
, que significa "Filhos do Trovão". Esse apelido provavelmente se
referia ao temperamento impetuoso e zeloso dos dois irmãos.
O caráter impetuoso de João e seu irmão Tiago foi
notavelmente transformado ao longo da narrativa bíblica, especialmente no caso
de João. Embora a Bíblia não detalhe cada passo dessa transformação, podemos
inferir a mudança pelos escritos e pela forma como são retratados após a
ressurreição e ascensão de Jesus.
O Temperamento Inicial: "Filhos do Trovão"
Como vimos, os apelidos de "Boanerges" (Filhos do
Trovão) e os episódios em que queriam chamar fogo do céu sobre os samaritanos
ou buscavam os primeiros lugares no Reino de Jesus, são evidências claras de
seu temperamento inicial:
a) Zelo Intenso : Uma paixão fervorosa por Jesus e sua
causa, mas muitas vezes manifestada de forma agressiva e egoísta.
b) Impaciência: Desejo de ação imediata e de ver a justiça
(ou o que eles consideravam justiça) ser feita rapidamente.
c) Ambição: Uma inclinação a buscar proeminência e
reconhecimento.
A Transformação Pelo Exemplo de Jesus
A convivência diária com Jesus foi o principal catalisador
para essa transformação. João e Tiago testemunharam a paciência, a humildade, o
amor incondicional e o sacrifício de Jesus. A repreensão de Jesus em Lucas 9.55
("Não sabeis do que espírito sois ...") e a lição sobre o serviço em
Mateus 20.25-28 ("quem quiser tornar-se grande entre vocês deverá ser
servo") certamente impactaram profundamente a visão deles sobre o Reino de
Deus e o discipulado.
A Transformação de Tiago
Tiago, sendo o primeiro apóstolo a ser martirizado (Atos
12.2), teve uma vida apostólica mais curta, mas sua prontidão para beber do
"cálice" de Jesus (sofrimento e morte) pode ser vista como um sinal
de sua transformação e amadurecimento na fé.
A Transformação de João
A transformação é mais evidente na vida de João. O
"Filho do Trovão" se tornar "discípulo amado" e o apóstolo
do amor. Seus escritos, especialmente o Evangelho de João e suas três epístolas
(1, 2 e 3 João), são permeados por temas de amor, luz, verdade e comunhão.
Agora vamos ver oportunamente alguns pontos que evidenciam a transformação de
João :
a) Ênfase no Amor
Nas epístolas de João, a palavra "amor" (ágape)
aparece dezenas de vezes. Ele insiste que Deus é amor e que os crentes devem
amar uns aos outros, por exemplo: "Amados, amemos uns aos outros, pois o
amor procede de Deus. Aquele que ama nasceu de Deus e o conhece. Quem não ama
não conhece a Deus, porque Deus é amor" (1Jo 4.7-8).
b) Foco na Graça e na Verdade de Jesus
Seu Evangelho apresenta uma profunda teologia sobre a pessoa
de Cristo como o Verbo encarnado, cheio de graça e verdade, contrastando com a
justiça legalista ou retributiva que ele talvez buscasse no início.
c) Vida de Exílio
João, o último dos apóstolos a morrer, passou por exílio na
ilha de Patmos (Ap 1.9), um período de grande tribulação, mas que resultou em
uma revelação de esperança e da soberania de Deus, e não em amargura ou raiva.
1.3 - O Perigo de se Achar Superior
Vamos Ler o Texto de Referência em Marcos 9.38-40 :
38 - E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em
teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque
não nos segue;
39 - Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém
há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim.
40 - Porque quem não é contra nós, é por nós.
Observamos no texto que João, um dos discípulos mais
próximos de Jesus, estava preocupado com a "ortodoxia" (aplicação
correta dos ensinamentos de Jesus) ou a "exclusividade" do
ministério. Ele e outros discípulos viram um homem realizando curas e
expulsando demônios em nome de Jesus. A reação instintiva deles foi impedir o
homem, pois ele não "os seguia", ou seja, não estava no círculo
íntimo de Jesus.
A resposta de Jesus, no entanto, é surpreendente e contraria
a lógica exclusivista dos discípulos: "Não o impeçam".
A resposta de Jesus mostra que :
a) Jesus valoriza a ação de fé e o resultado do milagre em
Seu nome, independente de quem o realizava.
b) Aqueles que genuinamente operam no poder de Cristo não
são inimigos e podem de alguma forma estar alinhados com Ele
c) Existem outras pessoas fora do círculo imediato de Seus
discípulos que podem promover o Reino de Deus, mesmo de um forma diferente ou
fora das estruturas esperadas pelos apóstolos.
Lições Práticas para os Cristãos Contemporâneos
Este texto de Marcos 9.38-40 desafia nossa tendência natural
de exclusividade e nos convida a abraçar uma visão mais ampla e inclusiva do
Reino de Deus. Nos lembra que a obra de Cristo é maior do que qualquer
estrutura ou grupo humano. Somos chamados a reconhecer o mover de Deus onde
quer que ele ocorra e a nos alegrar com o avanço do Verdadeiro Evangelho, seja
qual for a mão que o semeia. Este episódio é um poderoso lembrete e um desafio
para a Igreja e os crentes de hoje :
1. Cuidado com o Exclusivismo e o Denominacionalismo
Assim como João e os discípulos, muitas vezes caímos na
armadilha de pensar que Deus só opera dentro de nossa denominação, igreja ou
grupo específico. Jesus nos lembra que o Reino de Deus é muito maior que nossas
estruturas eclesiásticas. Um cristão fiel em outra denominação, ou mesmo alguém
fora do que consideramos o "padrão", pode estar genuinamente servindo
a Cristo. As vezes temos mania de nos acharmos superiores a outros cristãos de
outras denominações, a lição prática é que ao invés de criticar e desqualificar,
devemos apoiar e encorajar qualquer esforço genuíno que glorifique a Cristo e
promova Seu Reino, mesmo que não seja feito "do nosso jeito".
2. Foco nos Frutos, Não Apenas nas Credenciais
Jesus não questionou as credenciais do homem, mas sim os
frutos de sua ação. Se alguém está operando em nome de Cristo e vidas estão
sendo transformadas, isso é um sinal de que Deus está agindo. A lição prática é
que devemos nos perguntar: "Isso glorifica a Cristo? Isso ajuda as
pessoas? Isso avança o Verdadeiro Evangelho? Se a resposta for sim, a
preocupação com a "identidade" do agente se torna secundária.
3. A Importância da Unidade no Propósito
"Quem não é contra nós, é por nós" é um chamado à
unidade de propósito no corpo de Cristo. Embora possa haver diferenças de
doutrina secundárias, métodos ou tradições, se o objetivo central é honrar a
Jesus e levar Sua mensagem, devemos nos ver como aliados e não como
concorrentes ou inimigos.
A lição prática é que devemos buscar pontos de colaboração e
comunhão com outros cristãos e outras denominações, em vez de focar apenas nas
diferenças. Reconheça que a diversidade de dons e abordagens pode enriquecer o
Reino.
4. A Ambição Pelo Reino, Não Pelo Grupo
A atitude de João revelava uma ambição (inconsciente,
talvez) pelo prestígio do próprio grupo apostólico. Jesus reorienta essa
ambição para o Reino. A verdadeira honra não está em ser o único a fazer, mas
em ver o nome de Cristo exaltado e Seu poder manifestado, por quem quer que
seja.
A lição prática aqui nos leva a avaliar as motivações. Você
busca o crescimento do Reino de Deus ou apenas o crescimento do seu próprio
"império" ou "ministério" ?
2 - O Discípulo Amado
Podemos afirma categoricamente que o amor de Jesus contagiou
João de tal maneira que ele passou de "Filho do Trovão" para
"Apóstolo Amado" e essa é uma das transformações de caráter mais
notáveis e inspiradoras em toda a narrativa bíblica.
O contraste entre o temperamento inicial de João e o que ele
se tornou é gritante e poderoso. Jesus transformou João que desejava invocar
fogo do céu sobre samaritanos e que desejava os primeiros lugares de honra no
Reino em um apóstolo que mais enfatizou o AMOR nos seus escritos.
"O discípulo a quem Jesus amava"
João, frequentemente conhecido como "o discípulo a quem
Jesus amava", é uma figura central e fascinante nos Evangelhos,
especialmente no que leva seu nome. Essa designação única, que ele mesmo usa
para se referir a si no Evangelho de João (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7; 21.20),
revela não apenas uma proximidade especial com Jesus, mas também uma profunda
compreensão da essência do amor divino.
2.1 - João e o Mestre
Alguns momentos cruciais do ministério de Jesus contou com a
presença de João, Tiago e também Pedro, tal era o grau de proximidade com o
Mestre. Eles foram testemunhas :
a) Da Transfiguração de Jesus no monte (Mc 9.2)
b) Da Ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37)
c) Da agonia de Jesus no Jardim do Getsêmani (Mc 14.33)
2.2 - João foi Impactado pelo Amor do Mestre
"Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava,
estava reclinado no seio de Jesus" (Jo 13.23).
O versículo acima nos oferece uma das cenas mais íntimas e
significativas do Evangelho de João, descrevendo a posição de um discípulo
específico durante a Última Ceia. Embora não mencione o nome do discípulo, a
tradição e o contexto do próprio Evangelho apontam para o apóstolo João, o
filho de Zebedeu que reclinou ao lado de Jesus.
Essa proximidade física significava que João estava em uma
posição de privilégio e confiança. Simbolicamente, essa posição pode
representar a proximidade espiritual de João com o coração e a mente do Mestre
Jesus.
A tônica (tema, ênfase) da mensagem e vida de João: O Amor.
O amor de Jesus, vivenciado e compreendido por João,
tornou-se o tema dominante em todos os seus escritos e no que se sabe sobre sua
vida.
O amor de Jesus não apenas impactou, mas redefiniu João.
Transformou sua essência, sua perspectiva e sua missão.
O amor de Cristo não foi apenas um ensinamento que João
transmitiu, mas a própria substância de sua vida e a tônica inconfundível de
sua mensagem. Ele se tornou o canal através do qual a Igreja Primitiva e todas
as gerações subsequentes aprenderam a profundidade e a centralidade do amor de
Deus.
Essa transformação serve como um poderoso lembrete para
todos os cristãos de que a verdadeira fé leva a uma vida de amor que reflete o
caráter de Deus.
2.3 - João ouvia o Mestre
"E inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe:
Senhor, que é" (João 13.25)
Neste versículo João perguntou para Jesus quem era o
discípulo que iria traí-lo. Aqui, João está atuando como um intermediário entre
Pedro e Jesus devido à sua posição de proximidade física e de intimidade com o
Mestre, no versículo anterior podemos perceber que Pedro é quem queria fazer a
pergunta:
"Simão Pedro fez-lhe sinal para perguntar a quem Jesus
se referia" (João 13.24).
Portanto, João não está agindo como porta-voz dos demais
apóstolos no sentido de representar o grupo ou falar em nome deles, nem mesmo
nesse dia da Ceia foi um porta-voz dos demais apóstolos.
Em um estudo mais detalhado, é perceptível que o papel de
porta voz de forma consistente nos Evangelhos e no livro de Atos, era desempenhado por Simão Pedro.
Pedro é o Porta-voz Comum nos Evangelhos, quase sempre era
ele que fazia as perguntas (Exemplo: Mt 16.16; Jo 6.68).
Pedro, em Atos dos apóstolos, assume um papel de liderança
proeminente na igreja primitiva, vejamos :
a) É Pedro que prega o primeiro sermão resultando na
conversão de milhares.
b) É Pedro que lidera a escolha de Matias para substituir
Judas
c) É Pedro que é o principal orador e defensor dos apóstolos
perante o Sinédrio (At 4)
d) É Pedro que é foi um instrumento na cura do paralítico na
porta do Templo (At 3), estava junto com João, mas é Pedro quem fala e age.
e) Em eventos como o julgamento de Ananias e Safira (At 5),
Pedro exerce uma autoridade clara.
O apóstolo João era um dos discípulos mais próximos de Jesus
e se tornou um pilar fundamental da Igreja primitiva, junto com Pedro e Tiago,
irmão de Jesus em Jerusalém (Gl 2.9), todavia, o papel de porta-voz e líder
principal entre os apóstolos era claramente de Simão Pedro.
3 - João, o Apóstolo do Amor
3.1 - João cuidou de Maria
Vamos estudar o texto de João 19.26-27 :
26 - Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem
ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27 - Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde
aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
Nesse dois versículos, encontramos um dos atos mais tocantes
de Jesus na cruz, revelando uma profunda lição sobre amor, cuidado e
responsabilidade.
Jesus está na cruz, sofrendo imensamente e se aproximando da
morte. Mesmo em seu momento de maior agonia, Ele demonstra amor e um cuidado
supremo por sua mãe, Maria, e por seu discípulo amado, João. Observações a serem feitas :
1. A presença de Maria e João
É significativo que, enquanto a maioria dos discípulos havia
fugido, Maria, a mãe de Jesus, e João, o discípulo a quem Jesus amava, estavam
presentes ao pé da cruz. Isso demonstra a devoção e a coragem deles.
2. O Mandato de Jesus e Maria
"Mulher, eis aí o seu filho" , aqui Jesus
apresenta João para Maria como sendo "seu filho"; Jesus está
garantindo que Maria terá um provedor e um filho para cuidar dela após Sua
morte.
"Eis aí sua mãe" , aqui Jesus confia o cuidado da
sua própria mãe a João. Essa incumbência não era apenas sobre sustento
material, mas também sobre apoio emocional e familiar.
3. A Resposta imediata de João
"Dali em diante, esse discípulo a levou para casa"
, aqui João assume a responsabilidade confiada por Jesus na hora e no dia mais
critico. João integrou Maria em sua própria vida e família, cuidando dela como
se fosse sua própria mãe. Lembrando que é quase universalmente aceito que José,
pai terreno de Jesus, já havia falecido antes do ministério público de Jesus e,
portanto, não estava vivo no dia da crucificação.
3.2 - João escreve sobre o Amor
João enalteceu a virtude do amor em seus escritos de forma
central e profunda. Ele é conhecido como o "apóstolo do amor" devido
à ênfase que deu a esse tema em seu Evangelho e, especialmente, em suas
epístolas (1,2 e 3 João).
Em resumo, para João, o amor é a essência da vida cristã, o
reflexo da natureza de Deus e a base para a comunidade de fé. Seus escritos
servem como um lembrete perene da centralidade do amor na experiência humana e
espiritual.
3.3 - O Amor Evidenciado em Cartas
Vamos refletir alguns versículos das Epístolas de João que
evidenciam o Amor.
"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não
pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o
justo" (1Jo 2.1)
"Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são
perdoados os pecados" (1Jo 2.12)
"E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando
ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por Ele na sua
vinda" (1Jo 2.28)
Em todos esse versículos João se dirige aos seus leitores
como "meus filhinhos", uma expressão de carinho e amor paternal. Ele
está escrevendo para que eles não pequem, mas se o fizerem, têm um Advogado
(Jesus Cristo). Isso demonstra um amor que busca o bem-estar espiritual e a
proteção dos seus "filhinhos".
Esses versículos embora não falem diretamente sobre
"amor" em si, evidenciam a preocupação pastoral de João e seu desejo
de que os crentes permaneçam em Cristo, o que está intrinsecamente ligado à
prática do amor.
As cartas de João, especialmente a Primeira Epístola, são
repletas de referências explícitas e profundas sobre o amor. Aqui estão alguns
dos versículos mais marcantes:
"Vejam que grande amor o Pai nos concedeu, que fôssemos
chamados filhos de Deus. E de fatos somos" (1Jo 3.1)
Este versículo destaca o imenso amor de Deus que nos adotou
como Seus filhos.
"Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o
princípio: que nos amemos uns aos outros" (1Jo 3.11)
Aqui, João reitera o mandamento fundamental do amor
fraternal.
"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por
nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos" (1Jo 3.16)
Aqui, João apresenta o amor de Cristo como o modelo supremo
para o nosso amor sacrificial pelos outros.
"Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em
ação e em verdade" (1Jo 3.18)
Este versículo enfatiza que o amor verdadeiro se manifesta
através de ações concretas, e não apenas de sentimentos ou palavras.
"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor
procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor" (1Jo 4.7-8)
Esses versículos são centrais na teologia de João, afirmando
que Deus é a própria essência do amor e que o amor fraternal é uma prova de que
se conhece a Deus.
"Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em que Deus
enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto consiste o
amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou
seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1Jo 4.9-10).
"Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos
amar uns aos outros" (1Jo 4.11)
A generosidade do amor de Deus nos impulsiona a amar uns aos
outros.
"Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos
outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós" (1Jo
4.12)
O amor mútuo entre os crentes é a forma como Deus se torna
visível no mundo e como Seu amor é plenamente realizado em nós.
"Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e
confiamos nesse amor. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus,
e Deus nele." (1Jo 4.16)
Uma reafirmação poderosa da natureza de Deus e da união com
Ele através do amor.
"Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém
diz: 'Eu amo a Deus', e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois que não ama o seu
irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E dele temos este
mandamento: Que quem ama a Deus, ame também a seu irmão" (1Jo 4.19-21)
João estabelece uma conexão inseparável entre o amor a Deus
e o amor ao próximo, afirmando que um não pode existir sem o outro.
Estes versículos mostram claramente que, para João, o amor
não é apenas um conceito, mas a essência do evangelho, a prova da verdadeira fé
e a base para o relacionamento com Deus e com o próximo.
Comentário
Pr. Éder Tomé
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