Introdução
Texto de Referência : Êxodo 10.24-26
24 - Então, Faraó chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao
Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as
vossas crianças.
25 - Moisés, porém, disse: Tu também darás em nossas mãos
sacrifícios e holocaustos, que ofereçamos ao Senhor, nosso Deus.
26 - E também o nosso gado há de ir conosco, nem uma unha
ficará; porque daquele havemos de tomar para servir ao Senhor, nosso Deus,
porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhor, até que cheguemos lá.
1 - Adorando a Deus
1.1 - Moisés, o Mediador da Adoração a Deus no deserto
Deus escolheu Moisés para liderar o povo de Israel,
conduzindo-o do Egito para a Terra Prometida.
Deus escolheu Moisés para realizar uma missão divina que
incluía não só livrar o povo de Israel fisicamente, mas também ensiná-lo a ser
livre espiritualmente.
"E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim
diz o Senhor Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa
no deserto" (Ex 5.1)
Aqui, Moisés ensina que o deserto também é lugar de
adoração, aliás, na Bíblia, frequentemente, o deserto é apontado como um dos
lugares de encontro com Deus.
Apesar de ser um lugar árido, solitário e aparentemente
inóspito, o deserto se torna, nas Escrituras, um espaço de revelação,
transformação e intimidade com Deus.
Exemplos :
(1) Deus chamou Moisés no deserto, no Monte Horebe (Êxodo
3). Foi ali que Moisés teve um encontro profundo com Deus e recebeu sua missão.
(2) Após o Êxodo, o povo de Israel passou 40 anos no
deserto. Esse período foi difícil, mas também um tempo em que Deus se revelou,
ensinou e moldou o caráter do povo.
Um Lugar de Adoração a Deus no Deserto
Deus queria habitar no meio de Israel. Por isso, ordenou a
Moisés que, juntamente com todo o povo, construísse um lugar separado para
adoração. Trata-se do "Tabernáculo do Senhor", um santuário móvel que
acompanhou os hebreus durante sua longa peregrinação pelo deserto.
Depois da entrega da lei, Deus ordenou que o seu povo
edificasse um lugar de adoração, o Tabernáculo. O objetivo divino era aumentar
e fortalecer os laços de comunhão com o seu povo Israel, que Ele libertara do
poder de Faraó no Egito. O Senhor assim age para que o homem o conheça de forma
pessoal e íntima (Jo 14.21,23). [5]
1.2 - A Adoração após a Vitória
Sim, é verdade, é mais fácil adorar a Deus após a vitória,
como fez Miriã, mas o maior desafio e valor estão em adorá-Lo antes da vitória
ou mesmo em meio à luta.
Depois que Deus abriu o Mar Vermelho e libertou Israel do
exército do Egito, Miriã pegou o tamborim e liderou as mulheres em louvor e
dança (Êxodo 15.20-21). Era um momento de celebração visível do poder de Deus,
um louvor de gratidão após a vitória. Isso é legítimo, bonito e necessário.
Deus merece nossa adoração após cada livramento.
Mas ... e antes da vitória ?
É aí que o coração é mais testado. Adorar a Deus antes do
milagre é um sinal de fé madura. Alguns exemplos:
(1) Paulo e Silas, presos e feridos, adoravam a Deus na
prisão antes da libertação (Atos 16.25).
(2) Abraão subiu o monte para sacrificar Isaque dizendo:
'vamos adorar' - mesmo sem saber como Deus resolveria a situação (Gn 22.5).
(3) O profeta Habacuque declarou: "Ainda que a figueira
não floresça... mesmo assim me alegrarei no Senhor" (Hb 3.17-18), um
louvor no deserto da alma.
Então, o que aprendemos ?
(1) Adoração após a vitória é gratidão
(2) Adoração antes da vitória é fé
(3) Adoração durante a batalha é confiança
Todas são válidas, mas quanto mais aprendemos a adorar em
qualquer fase, mais intimo e profundo se torna nosso relacionamento com Deus.
1.3 - A Razão da Adoração a Deus
Segundo Êxodo 19, a razão da adoração a Deus está
fundamentada em quem Deus é e o que Ele fez por Seu povo.
A razão de adoração, segundo Êxodo 19, é :
(1) Porque Deus libertou o povo com amor e poder
"Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos
levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim" (Ex 19.4)
Aqui Deus lembra ao povo que foi Ele quem os libertou do
Egito, com poder e cuidado. A expressão "asas de águia" mostra
carinho e força. A adoração nasce de um coração grato por essa salvação e
livramento.
(2) Porque Deus nos chama para um aliança viva e santa
"Se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a
minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar ... reino sacerdotal e
nação santa" (Ex 19.5-6)
Deus convida o povo a viver em aliança com Ele, como povo
exclusivo, consagrado. A adoração, nesse contexto, é um resposta ao chamado de
ser separado para Deus, vivendo em obediência e santidade.
(3) Porque Deus é Santo, Majestoso e Digno de reverência
Quando Deus desce sobre o Monte Sinai (Ex 19.16-20), Ele se
manifesta com trovões, fumaça, fogo e som de trombeta, isso mostra que a
adoração não é só intimidade, mas também reverência. Deus é Santo, e deve ser
adorado com temor e respeito.
2 - Servindo a Deus com os nossos bens
2.1 - Adoração Parcial
"... Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas
ovelhas e vossas vacas, vão também convosco as vossas crianças" (Êx
10.24).
Essa foi a proposta em resposta ao pedido de Moisés para
deixar o povo ir ao deserto para adorar a Deus.
Moisés se negou a deixar os animais no Egito porque eles
eram essenciais para o culto e os sacrifícios a Deus :
"Tu também terás de nos dar sacrifícios e holocaustos
para que ofereçamos ao Senhor nosso Deus. E também o nosso gado irá conosco;
nenhum casco ficará, porque deles havemos de tomar para servir ao Senhor nosso
Deus; porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhor até que cheguemos
lá" (Êx 10.25-26).
Ou seja, Moisés entende que não pode haver adoração completa
a Deus sem tudo o que pertence ao povo, inclusive os animais. Além disso, era
impossível saber de antemão quais seriam os requisitos exatos do culto, então
era necessário levar tudo.
Essa atitude também mostra firmeza diante de Faraó: a
libertação deveria ser total, sem restrições, não das pessoas, mas de todos os
seus bens.
2.2 - Os Bens como Expressão de Adoração
"Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de
Israel, e dize-lhes: Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em
Israel, oferecer a sua oferta" (Lv 22.18).
Sem os animais não há adoração, Levítico menciona as regras
para oferecer uma oferta ao Senhor.
"Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos, e louvamos
o nome da tua glória. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, para pudéssemos
oferecer voluntariamente coisas semelhantes? porque tudo vem de ti, e do que é
teu to damos" (1Cr 29.13-14).
Não foi só Moisés que nos ensinou a adorar a Deus com nosso
bens. No versículo acima, podemos observar que Davi em oração expressa a
gratidão e o louvor, mencionando que o povo de Israel estava contribuindo
generosamente para a construção do templo com os seus bens como expressão de
adoração.
Davi menciona que tudo pertence a Deus, que Deus é dono de
tudo e que o que é ofertado é uma devolução do que já é dEle.
Davi mostrou que ele não vê a si mesmo nem ao povo como
merecedores de tal honra, nos ensinando que o privilégio de servir a Deus não
vem de nós, mas da graça que Ele nos concede.
Outra lição de Davi para nós, é que o coração disposto é
mais importante que a oferta. A ênfase está no espírito voluntário da doação e
não no valor material oferecido.
Esse trecho é uma linda lição sobre adoração, generosidade e
humildade, mostrando que o verdadeiro culto reconhece a grandeza de Deus e a
nossa total dependência dEle.
2.3 - Honrando a Deus com os nossos bens
"Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira
parte de todos os teus ganhos; e se encherão os teus celeiros, e transbordarão
de vinho os teus lagares" (Pv 3.9-10).
Sem os animais não há adoração, Levítico menciona as regras
para oferecer uma oferta ao Senhor.
"Assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de
coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceles, todos os objetos
de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao Senhor" (Êx 35.22).
Esse versículo descreve a oferta voluntária do povo de
Israel para a construção do Tabernáculo, o lugar de adoração no deserto. Há
lições poderosas aqui:
(1) Disposição de coração
A expressão "dispostos de coração" destaca que
Deus valoriza mais a atitude do coração do que o valor da oferta. Ele se agrada
de quem dá com alegria e generosidade, não por obrigação.
(2) Homens e Mulheres participaram juntos
Isso mostra que todos têm um papel no serviço a Deus,
independentemente de gênero ou posição. O envolvimento coletivo fortalece a
comunidade e demonstra unidade de propósito.
(3) Oferecer do que se tem de mais valioso
O povo trouxe joias de ouro - objetos valiosos e pessoais.
Isso ensina que adorar a Deus pode envolver renúncia e entrega do que temos de
mais precioso, porque Deus merece o melhor.
"Honrarei aqueles que me honram, mas aqueles que me
desprezam serão tratados com desprezo" (1Sm 2.30).
Esse versículo faz parte da repreensão de Deus ao sacerdote
Eli, que havia sido negligente em corrigir os pecados de seus filhos, que
profanavam o sacerdócio.
De grosso modo, podemos afirmar que Honrar a Deus significa
levar a sério Sua presença, Seus mandamentos e Sua santidade. Quem vive com
reverência, fidelidade, responsabilidade, obediência e respeito por Deus, será
honrado por Ele, aqui inclui nossa contribuição voluntária na obra de Deus com
nossos bens.
3 - Servindo a Deus com o nosso melhor
3.1 - Satanás tenta nos desviar da perfeita adoração
"Havemos de ir com nossos velhos e com nossos jovens,
com nossos filhos e com nossas filhas, com nossas ovelhas e com nosso gado
havemos de ir, porque temos de celebrar uma festa ao Senhor" (Êx 10.9).
A reação de Moisés em Êxodo 10 à proposta de Faraó nos
ensina que Satanás tenta nos desviar da perfeita adoração a Deus, e para todas
essas tentativas a resposta deve ser não, como Moisés fez com Faraó, nos
ensinando a ter firmeza, integridade espiritual e totalidade na obediência a
Deus.
A resposta de Moisés nos ensina varias coisas ao qual
podemos pontuar da seguinte forma:
(1) Adoração verdadeira exige entrega total
Moisés não aceita uma adoração parcial. Ele nos ensina que
não se pode servir a Deus pela metade, é preciso levar tudo: família, bens,
tempo, coração.
(2) Não se negocia com o mundo os termos do culto a Deus
Faraó representa o sistema do mundo tentando limitar a
entrega a Deus. Moisés nos mostra que a fé não se acomoda a propostas
convenientes, mas permanece fiel ao que Deus ordena.
(3) A Família inteira pertence a Deus
Moisés insiste que todos devem participar da adoração, dos
mais velhos às crianças. Isso mostra que a adoração é um compromisso coletivo,
geracional, e a fé deve ser vivida em família.
(4) Sabedoria espiritual para discernir distrações
A proposta de Faraó parece razoável, mas é uma armadilha.
Moisés tem discernimento e não abre mão do propósito completo de Deus, mesmo
diante da pressão.
Concluindo, ainda hoje Satanás, age como Faraó, com
estratégias, com tentações, com propostas sedutoras para nos desviar da
verdadeira adoração. A reação de Moisés nos inspira a viver uma fé sem
concessões, sem divisões, e com entrega total. Deus não quer apenas uma parte
de nós, Ele quer tudo: nossa vida, nossa casa, nossos recursos e nosso coração.
3.2 - Ofertando o melhor ao Senhor
Ofertas para a Construção do Tabernáculo
O tabernáculo seria construído pelo povo de Deus, com os
recursos que receberam pela providência divina ao saírem do Egito (Êx 3.21,22;
12.35,36). Para a construção do Tabernáculo os israelitas ofertaram
voluntariamente e com alegria. A Palavra de Deus nos ensina que o fator
motivante para a contribuição do crente é a alegria: "porque Deus ama ao
que dá com alegria" (2Co 9.7). O Senhor não se agrada de quem entrega a
sua oferta e dízimo contrariado ou por obrigação (Ml 3.10). De nada adianta contribuir
com relutância e amargura. [5]
A Oferta para expiação dos pecados
A Bíblia menciona que sem derramamento de sangue não há
remissão dos pecados (Hb 9.22), era necessário oferecer sacrifícios a Deus a
fim de expiar os pecados. O pecado é algo tão terrível, que alguém tinha que
pagar o preço, pois sem um sacrifício expiador do pecado não há perdão de Deus
(Lv 6.7; 2Co 5.21).
No A.T. havia o sacrifício provisório, se ofertava uma
animal no altar, e o sangue (a vida) deste, encobria os pecados: "Porque a
vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para
fazer expiação pelas vossa almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela
alma" (Lv 17.11). Muitas vezes era necessário fazer sacrifícios de animais
pelos pecados, o sumo sacerdote cada ano entrava no santuário com sangue alheio
(Hb 9.25). O sistema de sacrifício do A.T. apontava para Cristo e uma nova
aliança que seria feita com o ser humano.
No N.T. Jesus Cristo se ofereceu em um único sacrifício, se
entregando a morte de Cruz, o seu sangue aniquilou o pecado pelo sacrifício de
si mesmo, de forma definitiva. Assim todos que creem em Jesus Cristo como
Salvador, tem seus pecados perdoados e alcançam a salvação (Hb 9.28).
Se Moisés saísse do Egito sem os animais como iria oferecer
sacrifícios para perdão dos pecados e adoração à Deus ? Ele sabia que não
poderia abrir mão de algo tão importante para a vida espiritual do povo de
Israel.
3.3 - Não permita que Satanás roube sua adoração
Faraó usado pelo adversário, queria que Moisés fosse sem os
animais para que não houvesse o momento de adoração e quebrantamento diante de
Deus.
São várias as estratégias que Satanás usa para impedir que
ocorra a verdadeira adoração. Já percebeu que as pessoas a cada dia que passa
estão sendo enganadas e vulneráveis ao poder de Satanás ?
A maior estratégia do adversário é fazer com que a pessoa
use seus recursos para coisas que não edificam, se enquadra aqui o tempo, as 24
horas horas do dia são sugadas pelo adversário com entretenimentos, redes
sociais, teatros, cinemas, passeios, compras, trabalho, estudos ... QUE DE MODO
SEM MEDIDA, tira todo o tempo das pessoas adorarem a Deus, meditarem na Palavra
de Deus, irem para o culto na Igreja, e o pior, muitas pessoas não se preocupam
com suas vidas espirituais. Jesus em Lucas 12.20 chama esses de loucos. Sejamos
moderados em tudo, em toda maneira de viver !
Comentário
Pr. Éder Tomé
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