João 1.1-14.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, vamos estudar o Evangelho de
João. Em comparação com os outros três Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), o
de João destaca-se especialmente por centrar-se no ministério de Jesus em
Jerusalém. O autor deste Evangelho, o apóstolo João, redigiu este valioso
documento com a intenção de revelar a singularidade da natureza divina do nosso
Senhor e, ao mesmo tempo, encorajar a fé dos seus discípulos. Que possamos
também ser fortalecidos e inspirados na nossa fé em Jesus Cristo, nosso Senhor
e Salvador.
I. O EVANGELHO DE JOÃO
1. Autoria e data. O apóstolo João
é o autor do Evangelho que leva o seu nome. A confirmação da sua autoria
encontra-se no próprio texto (Jo 21.20,24) e também nos escritos dos
denominados Pais da Igreja.
Admite-se que tenha sido escrito entre os
anos 80 e 90 d.C. De acordo com estudiosos, o Evangelho de João apresenta uma
doutrina genuína sobre a divindade de Jesus Cristo. Assim, as expressões “Verbo
Divino” e “a Palavra que se fez Carne” são de grande importância neste quarto
Evangelho.
2. O propósito do
Evangelho. O Evangelho de João tem como um de seus propósitos levar o
leitor a crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, ao crer, encontrar a
vida em seu nome (Jo 20.31). Não é por acaso que os especialistas referem-se à
primeira parte do primeiro capítulo como “o prólogo de João”, ou seja, a
“apresentação” desse Evangelho (Jo 1.1-14). Neste trecho, o apóstolo apresenta
Jesus como o Filho enviado de Deus ao mundo para fazer parte da história (Jo
1.1). Assim sendo, o Logos é a “Palavra Encarnada”.
3. A Natureza de
Jesus. Apesar de o Evangelho de João sublinhar de forma clara a
dimensão divina de Jesus, o apóstolo também aborda a sua natureza humana (Jo
8.39,40; 9.11). Neste sentido, o Evangelho não só realça a divindade de Jesus
como Filho de Deus, mas também discute a sua humanidade por meio da morte
expiatória do nosso Senhor em favor dos pecados da humanidade. Em João, tanto a
divindade quanto a humanidade de Jesus são afirmadas.
II. JESUS, O VERBO DE
DEUS
1. A revelação que
ultrapassa o passado. Quando o apóstolo João redigiu a introdução do
primeiro capítulo do seu Evangelho, “no princípio era o Verbo” (v.1), é
provável que tenha como referência Gênesis 1.1. Esse primeiro versículo do
Evangelho mostra que o Verbo é Deus “no princípio”, possuindo assim uma
existência infinita, ou seja, não tem começo nem fim. Assim, muito além do
passado, desde o princípio, o Verbo já existia com Deus, estava com Deus e é
Deus (Jo 1.1).
2. A natureza
fundamental do Verbo. Tal como Deus é eterno, também o Verbo o é. Mais
adiante, em Apocalipse, o apóstolo João descreve o Verbo como “o Alfa e o
Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, que era e que há de vir, o
Todo-Poderoso” (Ap 1.8). Assim, conforme seu Evangelho, o evangelista apresenta
Jesus como o “Logos de Deus”, a Palavra Encarnada que habita entre os homens.
Portanto, enquanto “Verbo encarnado”, Jesus é reconhecido por muitos e adorado
como Deus.
3. “No princípio era
o Verbo” (Jo 1.1). Conforme já referimos, no grego do Novo Testamento,
a palavra que se traduz por “verbo” é logos e significa “palavra”. O
conceito de logos traz consigo a noção de expressão tanto da razão quanto da
linguagem. Nesse sentido, a forma mais adequada de compreender este termo
relaciona-se com as maneiras pelas quais Deus se manifesta ao ser humano.
Assim, o conceito mais apropriado para logos encontra-se em Jesus, que
representa a expressão da divindade, a Revelação de Deus.
III. A ENCARNAÇÃO DO
VERBO
1. A manifestação do
Verbo e a Luz do mundo. João identifica Jesus como o Criador de
todas as coisas, mediado pelo Pai através do poder da sua Palavra (Jo 1.2,3). A
seguir, ele faz uma distinção entre luz e trevas (Jo 1.4,5). As “trevas”
simbolizam a obscuridade espiritual provocada pelo pecado. No entanto, Deus
enviou João Batista para testemunhar e proclamar sobre a Luz (Jo 1.6-8). A
verdadeira luz é Cristo, que foi anunciado por João Batista, mas que os homens
decidiram rejeitar (1.9-12).
2. O privilégio de
nos tornarmos filhos de Deus. Enquanto Israel rejeitou a bênção da
salvação através da obra do Calvário, Deus ofereceu a todas as pessoas,
independentemente da sua raça, etnia ou língua, a oportunidade de se tornarem
“filhos de Deus” pela fé no nome de Jesus (Jo 1.12,13). Tanto aos judeus quanto
aos gentios, a Luz manifestou-se para revelar o plano divino de redenção a toda
a humanidade. Assim, aos gentios foi assegurada uma herança de filiação divina
através do amor do Pai (1Jo 3.1). Portanto, como crentes em Cristo, temos o
privilégio de sermos chamados “filhos de Deus”.
3. A manifestação e a
habitação do Verbo. A frase “o Verbo se fez carne” sugere a humanização
de Deus, que passou a viver entre os homens. O termo “verbo” possui uma
conotação muito mais rica e profunda do que qualquer conceito filosófico: Deus
entrou na história (Jo 1.14-18). É importante notar a expressão “e habitou
entre nós”. No texto grego, essa expressão indica que “o Verbo armou seu
tabernáculo, ou tenda, entre nós”. Antes, Deus habitava numa tenda montada pelo
seu povo; agora, de acordo com as palavras do evangelista, Ele reside entre
nós, representando a manifestação plena da presença divina no mundo.
CONCLUSÃO
Nesta lição, tivemos a oportunidade de
iniciar o estudo no Evangelho de João, mostrar a sua relevância e o seu
objetivo na vida da Igreja. Observamos que a revelação sensível de Deus e a sua
intervenção na história tornam o Evangelho de João uma obra única do Novo
Testamento. Em João, entendemos que a Encarnação do Verbo trouxe luz plena
àqueles que cressem. Assim, através da fé em Jesus, somos denominados e feitos
“filhos de Deus”.
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