1 - O Movimento Puritano
1.1 - O Início do Movimento
Duas Igrejas Cristãs Predominavam
Como vimos na lição anterior, no século 13, a Igreja
Católica Romana se apoderou de toda comunidade cristã da Europa na pessoa do
papa Inocêncio III (1198-1216), o momento de maior poder papal.
Na época Roma e Constantinopla eram sedes do Império Romano,
e a Igreja Católica de Roma caminhava junta com a Igreja Católica de
Constantinopla.
Em 1054 a Igreja Católica de Constantinopla (hoje Istanbul
na Turquia) rompe com a Igreja Católica de Roma, e surge a igreja Ortodoxa como
resultado de disputas políticas e religiosas. Os ortodoxos questionavam o Papa
como autoridade suprema, discordavam da veneração de imagens e da origem do
Espírito Santo.
Até o século 16, eram somente duas igrejas cristãs que predominavam na Europa e no Oriente: a Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa respectivamente.
Todavia, estudiosos apontam que essas não eram as únicas igrejas ou comunidades de cristãos que existiam no século 16, e que havia grupos do movimento cristão primitivo como os Montanistas, Novacianos, Donatistas, Albigenses, Valdenses, Anabatistas, e outros grupos bem menores também existiam na época.
Em 1517, Martinho Lutero, um monge católico, da Ordem dos
Agostinianos, de nacionalidade alemã, também questionou o poder absoluto do
papa, e relacionou todos os erros da igreja Católica. Essa ação deu início ao
movimento da Reforma Protestante. A partir de então, o Cristianismo dividiu-se
em diversas igrejas diferentes: Luteranas, Presbiterianas, Metodistas,
Congregacionais, Batistas e Anglicanas.
A Igreja Anglicana
Enquanto a Reforma Protestante ia acontecendo, outra reforma
estava em andamento na Igreja da Inglaterra. No objetivo de fortalecer a
aliança Espanha contra a França, o Rei Henrique VII propôs casamento de seu
filho Artur, herdeiro do trono, com a princesa espanhola Catarina de Aragão,
todavia, depois de quatro meses do casamento, Artur faleceu, e foi proposto que
o irmão de Artur (futuro rei Henrique VIII) se casasse com a viúva, todavia,
dessa união não veio o nascimento de um novo herdeiro para o trono, então o Rei
Henrique VIII pediu para o papa Clemente VII que anulasse o casamento com
Catarina, para se tornar livre para um novo casamento, o que não foi concedido.
Muitos acreditam que a Igreja Anglicana surgiu porque não
foi concedido a permissão para o rei Henrique VIII se casar novamente, sendo o
único motivo do rompimento da Igreja da Inglaterra com a Igreja Católica
Romana, mas isso não é verdade, estudiosos apontam que desde o século 14 já
havia uma insatisfação dos ingleses em prestar contas ao papa e pagar tributos
a Roma, pois esse dinheiro era revertido à França para financiar guerra contra
os próprios ingleses, tudo isso somado a Reforma Protestante de Lutero, que
chegou na Inglaterra com força através de literatura clandestina, fez surgir a
Igreja Anglicana que até os dias de hoje é subordinada ao rei da Inglaterra,
hoje Charles III.
O Movimento Puritano
Conforme vimos, o rei Henrique VIII, rompeu com a Igreja
Católica Romana, e deu início a Igreja Anglicana. Uma parte dos ingleses
queriam que a Igreja Anglicana continuasse na doutrina católica, e outra parte
queria que adotasse a nova doutrina da Reforma Protestante.
Esse impasse, só foi decidido no reinado da rainha Elizabeth
I (filha do rei Henrique VIII com Ana Bolena). A fim de agradar a todos e
estabilizar seu reinado, Elizabeth I, tomou a seguinte decisão: A Igreja
Anglicana deve manter o culto dominical na liturgia católica para o povo,
todavia, para que a burguesia e a elite econômica ficassem satisfeitas com as
mudanças previamente solicitadas, a Igreja Anglicana deveria adotar para eles a
Teologia Protestante.
Só que uma minoria de pessoas não gostaram desse posicionamento da Igreja Anglicana de ficar em cima do muro, o que deu inicio a um movimento para purificá-la. Esse movimento queria que a Igreja Anglicana deixasse todas as práticas da Igreja Católica Romana e ficasse totalmente purificada. Esse era o movimento dos chamados Puritanos.
Ouve conflitos entre os interesses do Puritanismo e os Reis
que vieram posteriormente a Rainha Elizabeth I. Esses conflitos resultou em um
processo de migração de puritanos para uma colônia da América do Norte, da qual
surgiu os Estados Unidos no século XVII (a partir de 1601).
Enquanto o Brasil estava sendo colonizado de forma
exploradora pelos Portugueses, fazendo uso de mão de obra escrava e catequizado
pelos jesuítas da Igreja Católica Romana; os Estados Unidos estava sendo
colonizado na forma de povoamento, fazendo uso de mão de obra livre pelos
ingleses e sendo doutrinados pelos puritanos que chegaram aos Estados Unidos em
1620 em busca de liberdade religiosa, longe da Igreja Anglicana, portanto eles
foram os primeiros colonos dos Estados Unidos (A nova Inglaterra).
1.2 - O Descontentamento com a Igreja
O movimento dos puritanos queriam uma reforma completa da
Igreja Anglicana, eles estavam descontentes pelos seguintes motivos :
a) Para eles essa Igreja estava reformada pela metade, uma
parte era católica e outra Protestante, e isso não estava certo.
b) Havia muita interferência do rei na Igreja Anglicana,
isso tinha que acabar, era revoltante essa situação
c) O rei impunha a religião anglicana aos puritanos
1.3 - O Cuidado com o Indivíduo
As visões dos puritanos incluíam :
Aliança com Deus
Os puritanos acreditavam que tinham uma promessa com Deus
para reformar a igreja Anglicana.
Santidade
Os puritanos acreditavam que era necessário viver uma vida
piedosa e que tinha que buscar viver em Santidade.
Pregação
Os puritanos acreditavam que a pregação era fundamental e
que as escrituras e a experiência cotidiana eram importantes.
Reforma Social
Os puritanos acreditavam em reformas democráticas e na
criação de uma sociedade cristã disciplinada.
Autoridade da Bíblia
Os puritanos acreditavam que a Bíblia era a única autoridade
em questões de fé e prática.
2 - Um Movimento Visionário
2.1 - Evangelização
Para os puritanos a Evangelização, era um instrumento de
Deus para que o 2.1 - Evangelização
Para os puritanos a Evangelização, era um instrumento de
Deus para que o povo viesse a ter o conhecimento de Deus e da sua vontade. Para
eles o evangelho tinha o poder de transformar a vida das pessoas e causar
mudanças na sociedade. Eles acreditavam que a Evangelização, era um instrumento
de Deus para purificar a Igreja Anglicana, para que cada um dos ingleses
pudessem alcançar uma vida cristã autêntica de forma duradoura e constante.
Toda a evangelização era feita baseada na Bíblia Sagrada, de forma prática e
experimental, e não apenas de forma doutrinária, era um chamamento ao
arrependimento e à reconciliação com Deus. Ensinavam as pessoas a estudar a
Bíblia e a aplicá-la em toda as áreas da vida.
2.2 - A Pregação Expositiva
Os puritanos eram pregadores que usavam o método de pregação
expositiva, fazendo uma exposição da Bíblia de forma detalhada e lógica.
Os seus sermões eram repletos de argumentos, provas e
demonstrações que partiam das Escrituras.
Características da pregação puritana
a) Expositiva, ou seja, expunha a Bíblia de forma detalhada
b) Lógica, ou seja, expunha a verdade linha por linha,
preceito por preceito
c) Aplicada, ou seja, apresentava a verdade do texto bíblico
de forma a ser
aplicada à vida dos ouvintes
d) Doutrinal, ou seja, centrada em Cristo e na sua doutrina
e) Popular, ou seja, tinha um estilo popular
f) Incisiva, ou seja, tinha uma aplicação incisiva
g) Poderosa, ou seja, tinha uma forma poderosa [8]
2.3 - A Paixão por Cristo
Um dos maiores puritanos foi Thomas Goodwin, um
Congregacional. Escrevendo sobre o céu, Goodwin disse: "se tivesse que ir
ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo
imediatamente, pois o céu seria o inferno para mim sem Cristo".
O céu sem Cristo não é o céu, e se Cristo não estiver lá, eu
não tenho desejo de estar lá. Os Puritanos eram pessoas apaixonadas por Cristo.
James Durhan escreveu em seu esboço de sermão: "Se
Cristo é amor como um todo, então todo o resto é repulsivo como um todo".
Queremos um pouquinho de Cristo, mas também um pouquinho de
várias coisas. Mas o verdadeiro cristão quer Cristo e nada além de Cristo.
3 - Alguns Aspectos do Puritanismo e do Pentecostalismo
3.1 - A Doutrina Puritana do Espírito Santo
Os Puritanos ministravam sobre a relevância da ação do Espírito Santo:
a) O Espírito Santo é o autor das Escrituras
b) O Espírito Santo é o agente que permite que os eleitos compreendam as verdades espirituais Os Puritanos enfatizavam a obra transformadora do Espírito Santo no processo de Salvação, e isso tem influenciado fortemente o Evangelicalismo moderno. Evangelicalismo é um palavra que enfatiza ter uma relação pessoal com Jesus Cristo, onde o perdão de Cristo, faz a pessoa renascer espiritualmente. Os Puritanos buscaram e experimentaram o avivamento, isso resultou em uma vasta edição de livros devocionais puritanos, livros piedosos.
John Owen, escreveu uma obra de 24 volumes, incluindo a sua grande obra sobre o Espírito Santo.
George Whitefield disse acerca dos Puritanos: "Embora mortos, por seus escritos ainda falam". Seus escritos ainda têm poder, influenciou vários movimentos cristãos ao longo dos séculos e continua influenciando hoje.
3.2 - A Missão do Povo de Deus
Os Puritanos desenvolveram seu próprio catecismo, credos e confissões de fé e se envolveram na missão de anunciar o evangelho. A fé e prática dos puritanos influenciaram a cultura e o caráter dos norte-americanos e o desenvolvimento do Cristianismo na América do Norte da mesma forma que o sal dá sabor e a luz faz diferença em meio as trevas.
3.3 - A Bíblia: Regra Infalível de Fé e Prática
Os puritanos acreditavam que a Bíblia era a autoridade final
em todas as questões de fé e prática. Eles eram homens de oração que amavam a
Bíblia.
Por fim, o grupo de puritanos era muito diversificado. Parte
deles adotaram o Calvinismo, surgindo a Igreja Presbiteriana, parte defendia
que ao nascer a criança deveria ser batizada, surgindo a Igreja Congregacional
e ainda outra parte defendia que somente os adultos deveriam ser batizados,
surgindo os Batistas.
Ainda na linha Batista tinha os que queriam a teologia
calvinista (chamados Batistas Particulares), mas tinham os que defendiam a
teologia de Armínio (chamados Batistas gerais).
A diferença dos "Batistas Particulares" e dos
"Batistas Gerais" baseava-se na doutrina da Salvação.
É importante deixar claro que para alguns estudiosos os
"Batistas Gerais" não vieram dos puritanos e/ou da reforma
protestante, mas sim dos Anabatistas, que foi um grupo de cristãos oriundos da
igreja primitiva fundada pelos apóstolos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário